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Publicitária teme viver novo caso Sean

A publicitária Flavia Harpaz, mãe de S., de 6 anos, vive há três meses um pesadelo: teme que, a qualquer momento, a filha seja retirada de casa e levada para morar com o pai, nos Estados Unidos. Flavia e o ex-marido, o analista de sistemas Mauricio Levy Sadicoff, brigam na justiça pela menina, que nasceu nos EUA e mora no Brasil com a mãe desde quando tinha 1 ano.

Em outubro, com base na Convenção de Haia, que dispõe sobre sequestro internacional de crianças, o Superior Tribunal da Justiça (STJ) deliberou a favor de Sadicoff, por três votos a dois, considerando que Flavia errou ao vir para o Brasil em agosto de 2009 e não mais voltar aos EUA. Em processo de separação, ela viajou ao Rio para visitar a avó, doente, com autorização judicial para ficar por apenas duas semanas.

“Ele era violento, me agredia física e verbalmente, tanto que consegui uma ordem judicial para que se afastasse de mim. Ele foi retirado de casa com escolta de dois policiais. Quem voltaria para lá nessa situação?”, diz Flavia, que saiu do Rio com S. no segundo semestre de 2014. Ela falou ao jornal O Estado de S. Paulo por telefone. Sadicoff foi procurado e não quis falar.

Brigas

O pai nunca visitou a menina nos cinco anos em que ela está no Rio, de acordo com a mãe. Flavia, por outro lado, não pode voltar aos EUA, porque há uma ordem de prisão contra ela. A publicitária contou que conheceu Sadicoff quando os dois ainda eram alunos de escola. Ele sempre teve o sonho de morar nos EUA, ela disse, e assim o fez. O casamento começou a desmoronar porque ela queria voltar a viver no Rio e ele, não. Foram seis anos de relacionamento.

Com o acirramento das brigas, ela passou a temê-lo. “Ele bebia e se tornou um homem violento. É muito triste ver a situação chegar a esse ponto. Meu ex-marido quer vingança, está usando minha filha para isso. Ir para lá não é o melhor para ela.” Flavia garante que tentou acordo com Sadicoff.

AGU

O advogado Eduardo Rodolpho de Carvalho, que representa Flavia, disse estranhar a postura da Advocacia-Geral da União (AGU), que defende os interesses de Sadicoff no STJ. “É um caso esdrúxulo, a AGU está fazendo papel de advogado particular. São dois brasileiros, não é como no caso Sean (Goldman), em que a mãe tinha morrido e o pai era americano”, comparou Carvalho.
O advogado já recorreu da última decisão: “A justiça tem de proteger a criança, esquecer a parte técnica e lembrar que existe um ser humano, que pode ter problemas psicológicos”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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