Escalado para defender o governo depois das manifestações que tomaram o País nesse domingo, 15, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, defendeu que o governo de Dilma Rousseff se expõe por “cumprir seu papel” ao assegurar a autonomia das investigações como a Operação Lava Jato.
Cardozo afirmou que “num passado recente”, as pessoas responsáveis pelas investigações eram “ridicularizadas” por não terem independência e engavetarem processos, citando indiretamente Geraldo Brindeiro, o procurador-geral da República durante o governo Fernando Henrique Cardoso, conhecido como “engavetador-geral da República”.
“A situação da Lava Jato decorre da postura governamental de assegurar a autonomia da investigação, de garantir o funcionamento dos mecanismos criados mecanismo criados recentemente para colocar os casos de corrupção sob a luz do sol. Se um fato não é investigado ele não aparece e se tem a falsa ilusão de que nada acontece”, afirmou Cardozo. “Esse governo cumpre seu papel e se põe em risco das pessoas acharem que a corrupção só acontece nesse momento. É um preço que se paga”.
Perguntado se o PT deveria fazer um mea culpa, já que as duas manifestações – a de hoje e a de sexta-feira, em tese apoiadora do governo – cobravam o fim da corrupção, o ministro afirmou que acredita ser “injusto que as pessoas sejam julgadas pela opinião pública”.
“Elas vão ser julgadas pela Justiça”, disse. “Não vamos prejulgar. Vamos olhar todas as forças políticas. É injusto atribuir a um partido ou outro a obrigação de fazer um mea culpa. Vamos olhar todos e quem tiver de fazer um mea culpa o fará”.
Cardozo e Rosseto foram escalados para apresentar a visão do governo depois das manifestações terem surpreendido o governo pela sua intensidade. Dilma chamou os ministros de seu núcleo política para um reunião na metade da tarde no Palácio do Planalto, incluindo também Aloizio Mercadante, da Casa Civil.
Pela manhã, já havia estado com Cardozo, quando foi decidido que o governo falaria novamente no pacote de medidas anticorrupção, que a presidente anunciou na campanha e falou novamente no discurso de posse, mas ainda não foi enviado ao Congresso.