A cúpula da Segurança Pública está diante de dados contraditórios. Enquanto os números de roubos em geral cresceram 14% no Estado em outubro, cravando o 17.º mês seguido de alta do índice, os registros de roubos de carros, um crime com baixa subnotificação, caíram 11% em relação ao mesmo mês de 2013. Os dados mostram ainda um aumento dos homicídios na capital (3,7%) e uma queda no Estado (1,8%) no período.
Os números fazem parte do balanço mensal da criminalidade, que deve ser divulgado hoje pela Secretaria da Segurança Pública. Embora o ritmo do crescimento dos roubos tenha diminuído durante o ano, a polícia não consegue fazer o número de registros voltar ao nível de 2013. Entre os objetos mais roubados está o telefone celular.
Durante o primeiro semestre, o mais comum dos crimes contra o patrimônio registrou recordes sucessivos no Estado. A partir de junho, a velocidade de crescimento desse tipo de crime diminuiu, mas havia voltado a crescer em setembro, quando registrou uma alta de 20% na capital e de 16,7% no Estado, em comparação com o mesmo mês de 2013. A alta de outubro ficou em 19,6% na capital e em 14% no Estado.
Operações
A principal aposta da polícia para combater esse delito veio da Polícia Militar: são operações que visam a saturar com policiais regiões com alta incidência desse tipo de roubo. Além disso, bloqueios em avenidas usadas como rota de fuga por ladrões de carro também foram intensificados.
Há um mês, a Tropa de Choque, por exemplo, faz uma dessas operações no Morumbi, na zona sul de São Paulo, depois que dezenas de roubos foram registrados no bairro nas proximidades da Favela de Paraisópolis. Na sexta-feira, outra operação foi iniciada na região da Avenida Almirante Delamare, na área de Heliópolis.
As primeiras operações desse tipo foram feitas pela PM na Vila Brasilândia, zona norte, e no Capão Redondo, zona sul da capital, em agosto. Na zona sul, os homicídios caíram 60% e os roubos de carros, 37%.
Além das operações da polícia, a aprovação da Lei dos Desmanches é apontada por integrantes da cúpula da Segurança Pública como um dos principais motivos para a continuidade na queda dos índices de roubos de veículos. No Estado, esse tipo de crime caiu 11% e na capital a diminuição foi de 12,5%. Os números são maiores do que os registrados em setembro, quando a queda desse delito foi de 9,4% no Estado e de 10,5% na cidade de São Paulo.
Já o furto de veículos, outro crime contra o patrimônio, ficou estável em outubro. Os registros tiveram um decréscimo de 1,2% no Estado e um crescimento de 0,5% na capital.
Homicídios
No caso dos assassinatos, a Segurança Pública registrou o segundo mês seguido de alta na capital paulista. Em setembro, os assassinatos haviam crescido 6,5% na cidade. É verdade que o crescimento de 3,5% em outubro foi menor, mas o que preocupa a cúpula da secretaria é que a queda acentuada registrada no Estado em setembro (11,9%) não se manteve no mês seguinte (1,2%). A maioria desse tipo de delito continua acontecendo durante os fins de semana, quando a média diária supera o total de 12 casos – durante os dias úteis, dificilmente essa média passa de dez no Estado.
A exemplo dos roubos e furtos de veículos, o homicídio é um crime com baixo índice de subnotificação. Assim, os casos registrados representam quase a realidade do que acontece no Estado. O mesmo não ocorre com outros delitos. Para alguns policiais, a manutenção do aumento de roubos pode estar ligada à diminuição da subnotificação desse crime no Estado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.