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Icaraí tem o maior IDHM da Região Metropolitana do Rio

Região mais nobre de Niterói, a praia de Icaraí é a campeã no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) da Região Metropolitana do Rio – com 0,962 (quanto mais perto de 1, mais desenvolvido), supera Leblon e Ipanema, bairros mais caros da orla carioca, com o metro quadrado entre os mais valorizados de todo o País. Já a cidade de Itaboraí, distante 30 km de Niterói, tem as localidades com os piores IDHMs do Estado: 0,596. Japeri e Queimados, cidades na Baixada Fluminense, também estão na parte mais baixa do ranking.

Acompanhando a tendência nacional, os índices fluminenses melhoraram bastante de 2000 para 2010, segundo a comparação feita pelo Atlas do Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas Brasileiras. O IDHM geral pulou de 0,686 para 0,771. O salto mais significativo foi com relação à educação: passou de 0,548 para 0,686. A nota em longevidade cresceu de 0,775 para 0,839 e a de renda, de 0,759 para 0,796.
Em 2000, as localidades na categoria de desenvolvimento muito alto representavam 9% do total; em 2010, eram 26%; as com alto desenvolvimento passaram de 22% para 37%; as com desenvolvimento muito baixo foram de 4% para 0%; e as com baixo, de 37% para 1%.

No caso de Icaraí, o bom resultado se explica por uma combinação de fatores: a concentração de aposentados com alto soldo, a baixa taxa de fertilidade, o que faz aumentar o cálculo da renda per capita, e a ausência de favelas. A análise é do professor da Universidade Federal do Rio (UFRJ) Mauro Osorio, doutor em planejamento urbano e regional.

Ele afirma que as desigualdades regionais só serão amenizadas se os investimentos na periferia da região metropolitana subirem rapidamente. Ele defende a criação de uma agência com participação dos governos estadual e da capital. “É preciso planejamento. Quando observamos as metrópoles do Rio, São Paulo e Minas, vemos que a do Rio têm a pior situação. A decadência do Estado dos anos 1960, com a transferência da capital para a Brasília, até meados dos anos 2000, foi mais sentida na periferia.”

Os 21 municípios da região se separam em dois grupos, Osorio explica: as áreas mais nobres do Rio (zona sul, grande Tijuca e Barra da Tijuca), acrescidas de Niterói, de um lado, e o restante da capital (zonas norte e oeste) e os 19 municípios restantes, de outro. “Na Baixada existem municípios em que as ruas não têm nem CEP. As cidades já nasceram precárias”, disse.

Para o economista Jorge Nogueira de Paiva Britto, da Universidade Federal Fluminense (UFF), de Niterói, a criação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, que deve começar a operar, conforme a promessa da Petrobras, em 2016, não necessariamente melhorará o quadro no município.

“Teoricamente, os investimentos resultariam em redução da desigualdade de renda, mas é um processo lento. A cidade vem atraindo trabalhadores temporários de baixa qualificação e não há garantias de que os empregos de alta qualificação serão de grande volume, nem se as pessoas vão morar na cidade”, disse Britto, para quem o olhar do governo do Estado para as periferias da metrópole vem de apenas dez anos, e precisa ser intensificado.

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