Após dois meses de impasse e através de uma intervenção do diretório estadual, o PSDB definiu a direção da legenda na capital paulista – que terá papel fundamental na escolha do candidato tucano na corrida à principal prefeitura do País no ano que vem.
O presidente municipal, Mário Covas Neto, o Zuzinha, saiu vitorioso e conseguiu manter suas indicações para a Executiva Municipal. Saíram derrotados os grupos do suplente de senador José Aníbal e dos deputados federais Bruno Covas (sobrinho de Zuzinha) e Ricardo Trípoli, que no início de junho se uniram para apresentar uma composição alternativa para a direção municipal.
Na noite desta segunda-feira, 3, a Executiva Estadual do PSDB interveio e pôs fim à disputa que, pela primeira vez, colocou em campos opostos o filho e o neto do ex-governador tucano, Mário Covas. Zuzinha foi pessoalmente à reunião da Executiva Estadual ontem e fez uma apresentação dos fatos segundo seu ponto de vista. Ele relata ter feito também um agradecimento ao apelo do governador Geraldo Alckmin, por ter pedido à direção estadual da legenda que desse uma solução ao caso ainda nesta segunda. Foi realizada uma votação e, no fim da noite, a maioria deu aval a Zuzinha.
A decisão tem importância prática para o funcionamento do diretório municipal, alertou Zuzinha. Agora o diretório pode acertar as finanças e pagar funcionários, já que os pagamentos estavam retidos por causa da indefinição na tesouraria.
Depois de conseguir manter suas indicações, Zuzinha voltou a adotar o discurso conciliador e diz que vai insistir na estratégia de composição das diferentes correntes tucanas. “É claro que foi uma vitória pessoal. Mas a vitória mais importante é que a gente tenha encerrado esse assunto. Afirmo desde lá atrás e continuo afirmando que quero compor com as diferentes forças do partido”, disse Zuzinha.
Histórico
Em junho, Zuzinha se disse alvo de “traição” das pessoas que articularam uma formação para a executiva em paralelo. Ele alegava ter chamado os grupos de Aníbal, Trípoli e Bruno para compor a direção municipal. Bruno, por sua vez, dizia que o seu grupo tomou a decisão de anunciar uma outra executiva porque estava “sub-representado” e chegou a jogar indiretas contra o tio, afirmando que Zuzinha dava sinais de “compromisso com a outra candidatura” – em referência ao vereador Andrea Matarazzo, que tem declarado há tempos a intenção de concorrer à Prefeitura paulistana.
Zuzinha nega que tenha qualquer preferência pelo nome de Matarazzo e defende a realização de prévias o mais brevemente possível. “Essa é a pior parte da confusão toda. Nós já tínhamos atrasado o processo em dois meses, por conta do adiamento das convenções, e agora perdemos mais dois meses. O ideal é que realizássemos as prévias ainda neste ano para entrar no ano que vem com o candidato definido.”
Matarazzo vem trabalhando desde o início do ano em uma campanha própria com os diretórios zonais, na aposta de que um trabalho adiantado o colocaria em vantagem se a disputa acontecer na urna. A tradição do partido até o momento, no entanto, não é de processos internos transparentes. “Nas eleições anteriores, não tinha sentido porque o partido ia lançar quadros como (José) Serra e (Geraldo) Alckmin, então não fazia sentido, fazer prévia num processo em que havia um nome muito superior aos demais. No processo atual, não temos ninguém com essa força, então é o momento de fazer a prévia”, diz Zuzinha
O presidente municipal diz que a divergência com outros grupos são “águas passadas” e que voltou a oferecer duas vagas para o grupo de Aníbal, Trípoli e Bruno na executiva. Ele admite haver “certa estranheza” com o sobrinho, mas diz que será superada. “Não pode, do ponto de vista até de família, a gente se tornar adversário ou inimigo por conta de um processo que é passageiro”, comentou.
Aníbal disse que, para o grupo, o importante é que a disputa foi encerrada e minimizou a questão. “Não havia ânimo algum em prosseguir com essa disputa”, disse em breve comentário à reportagem. Mas ele deu um recado à proposta de prévias de Zuzinha. “O importante é tentar convergir no procedimento (de escolha do candidato), se forçar a mão não será convergência.”