Defensor da liberdade para menores infratores, o desembargador Siro Darlan perdeu o cargo de coordenador das Comissões Judiciária de Articulação das Varas da Infância e Juventude e da Estadual de Adoção Internacional. A decisão foi do presidente do Tribunal de Justiça (TJ), Luiz Fernando de Carvalho.
Em carta a Darlan, o presidente informa que a dispensa ocorreu pela “conduta reveladora de incompatibilidade” do desembargador “com a orientação, pensamento e filosofia de trabalho da administração”. Em nota, o TJ informou que, “além disso, houve reclamações de juízes” que atuam com menores sobre “tentativas de interferência no trabalho deles”.
“Mexi com vários formigueiros”, disse Darlan, que protagonizou polêmicas, recentes. Na principal delas, criou mutirão de audiências para reavaliar processos de menores infratores. Parte dos cerca de 50 libertados estavam detidos sob a acusação de prática de crimes graves, como homicídios e, um deles, o estupro da própria bisavó. O Ministério Público se manifestou contra as libertações.
Sobre a prisão do primeiro adolescente detido pela polícia como o assassino do médico Jaime Gold, Darlan comentou: “É uma vergonha. Inventa-se uma solução fictícia para dar resposta rápida a uma sociedade sanguinolenta e vingativa. Apresenta-se o menino como troféu, de forma medieval. E agora isso: outros se apresentam para confessar o crime. Lamentável”.
Ele criticou pelo Facebook a aprovação de lei que institui auxílio educação de até R$ 2.860 para filhos de juízes e desembargadores. “O país vive crise financeira sem precedentes e não seremos nós magistrados que nos misturaremos com aqueles que vivem lesando nossa pátria com artifícios os mais indignos.”