Com alunos e professores nas salas, funcionários administrativos promoveram um apitaço no Centro Tecnológico (CT) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) após assembleia que decidiu nessa segunda, 31, pela continuidade da greve da categoria. O ato, com cerca de 200 pessoas, criticou os 25 professores eméritos que, no último dia 20, enviaram ao ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, carta acusando o reitor, Roberto Leher, de submeter decisões acadêmicas ao comando da greve e pedindo “ação pronta e energética”.
O protesto evidenciou mais um capítulo do embate entre os professores eméritos e Leher e os grevistas, em meio a uma paralisação de aulas que dura quase 70 dias. Ao todo, a UFRJ tem 9,4 mil servidores administrativos, estima o sindicato da categoria.
Em nota oficial divulgada na semana passada, Leher “lastimou” o que classificou como um pedido para o ministro “realizar intervenção governamental na UFRJ, em despeito do preceito de autonomia universitária assegurada institucionalmente”. O novo reitor divide opiniões por ser considerado simpático aos movimentos grevistas.
Entre os 25 professores eméritos que escreveram a Janine estão Heloísa Buarque de Hollanda e Muniz Sodré, docentes da Escola de Comunicação, e José Murilo de Carvalho, do Instituto de História. Eles argumentam que decisões de instâncias acadêmicas, como a volta às aulas, estão sendo submetidas à apreciação dos sindicatos. Dizem ainda que as propostas de dois professores para realizar atividades no exterior foram vetadas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ (SintUFRJ).
Leher, um dos fundadores do Psol, respondeu que “a UFRJ não irá afrontar o direito de greve por meios coercitivos” e que convidará todos os eméritos para uma “reunião para discutir os problemas que afetam a UFRJ, particularmente, a sua grave crise financeira”. Disse ainda que os docentes foram autorizados a viajar.
Além da controvérsia com os eméritos, Leher tem que enfrentar a falta de recursos. A reitoria estima que o déficit da UFRJ poderá chegar a R$ 300 milhões até o fim do ano. Do orçamento deste ano repassado pelo governo, de R$ 438 milhões, R$ 70 milhões não serão recebidos por medidas de contingência.