A discussão sobre as questões de gênero no ensino público, considerado importante por educadores e movimentos sociais, causou polêmica e travou o debate dos planos municipais e estaduais de educação. A disputa também tirou o foco de outros temas polêmicos dos planos, como o número de alunos por sala, a valorização da carreira e o salário dos professores.
Na cidade de São Paulo, por exemplo, a Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara teve reuniões marcadas por protestos e bate-boca entre vereadores por causa da menção do termo “gênero” em metas que previam combater o preconceito. Não houve, porém, conflitos desse tipo quando a comissão retirou do plano a meta de repassar 30% do orçamento para a Educação ou mudou o máximo de alunos por docente.
Em Campinas, apesar de protestos na Câmara e na prefeitura, as questões de gênero não foram incluídas no texto do plano. No entanto, foi aprovada no documento uma alteração que facilita o convênio com organização social (OS) para a contratação de funcionários para a Educação.
Em São Carlos, após sessões de protestos de entidades religiosas e movimentos LGBT, os vereadores rejeitaram a meta que previa a adoção de políticas educacionais que assegurassem a prevenção de violências físicas e morais ou qualquer forma de discriminação.
Críticas
Para Rubens Barbosa de Camargo, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), a discussão, apesar de importante, foi usada politicamente como uma “cortina de fumaça” para que outros temas ficassem em segundo plano. “Foi uma ação coordenada para que outras questões que às vezes seriam mais pertinentes não fossem discutidas.”
Ana Beatriz Sousa, da Marcha Mundial das Mulheres de São Paulo, disse lamentar que a discussão não tenha avançado nos municípios. Ela também se preocupa que as escolas continuem a “reproduzir preconceitos e violências da sociedade” com relação à orientação sexual e também contra a mulher.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.