Em conversas com líderes partidários que têm aderido ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer tem prometido “espaço” às legendas num futuro governo dele. O vice tem tido, segundo relatos, cautela para não antecipar quais ministérios deverão ser distribuídos entre os partidos que deverão formar um novo governo de “coalizão”. Nessa sexta, 15, foi a vez de o vice receber integrantes da bancada do Solidariedade, partido de oposição ao governo Dilma, além de peemedebistas mais próximos de seu núcleo.
“Ele já tem um desenho formado na cabeça, mas não está tratando disso. Seria muito precipitado”, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo, Geddel Vieira Lima, primeiro secretário do PMDB e integrante do grupo mais próximo de Temer.
Integrantes do partido que têm frequentado o Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência, dizem que têm também orientado Temer a não dar início às negociações antes do desfecho do processo de impeachment no Senado. “Não é momento para tratar do assunto. Começaria a criar vários ruídos entre os partidos que irão compor o governo do Michel”, avaliou um integrantes da cúpula do PMDB do Senado.
Circulando
Na reta final da votação do processo de impeachment na Câmara, Temer aproveitou a festa de aniversário da filha do deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) para “circular”, na noite de quinta-feira, 14, entre representantes de vários partidos da “base aliada” e da oposição. O jantar, realizado no Lago Sul, área sofisticada de Brasília, contou com a presença do vice e de integrantes de PMDB, PP, PR, PSB e DEM. Entre 70 a 80 convidados participaram das comemorações realizadas no mesmo dia em que a contagem de votos a favor do impeachment apontava maioria pela aprovação.
Temer chegou ao local por volta das 22h, acompanhado de Geddel. Durante quase uma hora em que ficou no local, o vice falou com praticamente todos políticos que estavam na festa.”O clima foi de alto astral, bastante festivo. Tinha muita gente e foi um bom momento para o Michel circular. Mas como tinha muita gente, ficou impossível ter qualquer conversa mais profunda”, afirmou o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que passou parte da noite na mesma mesa do vice.
Nas rodinhas formadas pelos parlamentares, segundo Jarbas, o mote foi a contagem e recontagem dos votos do impeachment. “A coisa girou muito em torno de placar. Tinhas alguns mais otimistas outros nem tanto. Uns terceiros defendendo que era preciso ficar atentos e por ai foi”, emendou.
Um dia após anunciar que o PP votaria a favor do impeachment, o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), se reuniu com o vice. As movimentações do senador têm sido, contudo, criticadas por lideranças do PMDB. “Ele tem tomado café da manhã com a Dilma, almoçado com Temer e jantado com o Renan Calheiros. Três conversas diferentes. Não dá para confiar numa pessoa dessas”, considerou um integrante da cúpula do PMDB. Representantes de outras legendas da base como o PSD e o PR também têm intensificado o corpo a corpo com o vice. Ontem foi a vez do PSC.
Viagem
Temer viajou nesta sexta-feira, 15, à noite de Brasília para São Paulo, onde deve acompanhar as discussões em torno do processo de impeachment da presidente. De acordo com assessoria do vice, não há previsão de agenda pública para hoje nem para domingo. Um possível pronunciamento sobre o resultado da votação pode, no entanto, ocorrer na segunda-feira, após a votação do processo de afastamento da petista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.