Os líderes do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguiri, Renan Santos e Rubens Nunes, circulavam livremente pela Câmara dos Deputados na madrugada deste sábado, 16, durante a discussão do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Eles entraram no plenário da Casa com crachás fornecidos de maneira irregular por deputados da oposição. No flagrante feito pelo jornalO Estado de S. Paulo, Renan aparece com o crachá de um servidor.
Com forte esquema de segurança organizado pela Câmara desde o início da semana, o acesso ao Congresso Nacional está restrito. Só podem entrar na instituição servidores, parlamentares e funcionários da imprensa que possuem credenciais especiais. Cada uma das 25 lideranças partidárias recebeu somente três crachás para distribuir entre os funcionários.
Segundo Renan Santos, o acesso foi permitido pelo deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) e pelo líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), que confirmaram terem autorizado o acesso. Renan disse que já havia pedido “há muito tempo” a ajuda de Perondi para acompanhar o processo na Casa e que não enfrentou dificuldades para entrar no prédio. Ele justificou que o MBL é signatário do pedido de impeachment e, como parte do processo, tem o direito de frequentar a Câmara.
Questionado, Perondi disse não saber se os membros do MBL de fato estavam na Câmara durante a madrugada, mas confirmou que forneceu um dos crachás. “Eu dei e dei com tranquilidade. Eles fazem parte do processo. Agora, por exemplo, não dá para colocar o Movimento dos Sem Terra (MST) aqui dentro, que é ilegal e não tem participação.” Já Pauderney admitiu que Kim, Rubens e Renan pegaram crachás “emprestados” de funcionários da liderança do DEM para poder circular.
O deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) denunciou na tarde deste sábado, no plenário, entradas irregulares na Câmara. “Nem todos os servidores, mesmo os de carreira, ganharam os dois crachás necessários para entrar nesta Casa. No entanto, foi dada uma ordem pelo Departamento de Polícia Legislativa (DEPOL) para que liberem crachás para militantes, que estão aqui para constranger a democracia e vilipendiar o direito de quem é contrário ao impeachment”, acusou.
Rômulo Mesquita, diretor-geral da Câmara, disse que a entrada de qualquer um que não seja servidor, funcionário ou parlamentar não é permitida e que vai pedir para averiguar o que ocorreu no caso de Renan, Rubens e Kim. Seguranças da Casa reclamam que alguns parlamentares estão “forçando” o acesso de pessoas sem credenciais.
A assessoria de imprensa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou a acusação de Rodrigues sobre o DEPOL, dizendo que nenhuma orientação de segurança foi alterada. Segundo eles, militantes não estão autorizados a entrar no prédio da Casa e o acesso continua limitado apenas para aqueles que possuem credencial especial aprovada na última semana.