Um dia após a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) admitir que vai atrasar obras previstas para este ano por falta de dinheiro, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que os principais investimentos para combater a crise hídrica não serão afetados. Entre eles, o governador citou a transposição do Rio Paraíba do Sul e o Novo Sistema São Lourenço, que não teriam o cronograma alterado.
“Nenhuma obra importante vai ser afetada. A Sabesp tem uma grande capacidade de investimento e as obras prioritárias serão mantidas com recursos próprios e com financiamentos já estabelecidos”, afirmou Alckmin nesta quarta-feira, 6, durante um evento no Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, zona sul da capital paulista.
No dia anterior, o presidente Sabesp, Jerson Kelman, disse que os atrasos são consequência do reajuste de 15,2% na conta de água, autorizado pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp). O índice é aquém do que a companhia havia solicitado, de 22,7%, para compensar as perdas provocadas pela crise.
O governador, no entanto, avaliou a decisão da agência reguladora como “correta”. “Não é o que a Sabesp queria, mas é o que a Arsesp definiu. Nós achamos que é o correto”, disse. “A agência verificou todos os indicadores – aumento do custo, especialmente a energia elétrica, e queda da produção – e estabeleceu o valor.”
Volume morto. Com a chegada do período seco, Alckmin não descartou voltar a recorrer à segunda cota do volume morto do Cantareira, principal manancial de São Paulo, para abastecer a população. “Se precisar, sim. Mas não estamos contando com isso”, afirmou.
O governo estadual espera concluir três frentes de obras nos próximos meses para compensar a queda de produção do Cantareira. Entre elas, está a transposição de água do Sistema Rio Grande, braço limpo da Represa Billings, para o Alto Tietê, considerada a ação mais urgente para evitar o rodízio.