A deputada e ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República Maria do Rosário (PT-RS) se solidarizou com a líder do PCdoB, Jandira Feghali (RJ), que se disse agredida na quarta-feira, 6, no plenário da Câmara. No seu perfil do Facebook, Rosário repetiu e ampliou a mensagem de apoio a Jandira que havia dado ontem pessoalmente. A deputada petista também ampliou a discussão para a bandeira da defesa das mulheres no parlamento. “Somos todas Jandira! Porque quem bate como machista merece ser punido como machista”, diz no post publicado nesta quinta-feira, 7.
“É inadmissível que, como mulheres, sejamos menos de 10% da composição da Câmara, e ainda se imponha que convivamos com atitudes machistas e violentas”, defendeu Rosário na mensagem. “Não é possível que um deputado defenda em seu discurso que uma mulher tem que apanhar desta ou daquela forma. Não é possível que incentive a violência de gênero em um País como Brasil, em que uma mulher morre a cada uma hora e meia, mais de 40% pelos próprios companheiros. Não é possível essa agressão de um deputado contra uma deputada, como não pode existir contra nenhuma outra mulher!”
Jandira teve o braço segurado pelo deputado Roberto Freire (PPS-SP). Em meio à confusão e ao bate-boca generalizado entre deputados, que aprovavam a polêmica MP 665 – de alteração nas regras de concessão de seguro-desemprego e de abono salarial – o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) saiu em defesa de Freire e disse uma frase que a bancada feminista prometeu levar ao Conselho de Ética da Casa. “Mulher que participa da política e bate como homem tem que apanhar como homem”, disse Fraga.
“Enquanto parlamentares que agridem mulheres não forem responsabilizados por seus atos em instâncias judiciais, mas também pela própria Câmara dos Deputados, estas ocorrências que desclassificam o parlamento não terão fim”, comentou Rosário em outro trecho da longa postagem na rede social.
Em mensagem na noite de ontem em seu perfil no Facebook, Jandira Feghali relatou ter sido agredida fisicamente por Freire e verbalmente por Fraga. “É assustador o que está acontecendo nesta Casa. Em trinta anos de vida pública jamais passei por tal situação. Em seis mandatos como deputada federal, onde liderei a bancada do PCdoB por duas vezes e enfrentei diversos embates, jamais fui sujeitada à violência física ou incitação à violência contra mulher”, relatou e prometeu acionar Fraga judicialmente pela “apologia inaceitável”.
Em seu perfil na rede, Fraga não fez menção ao caso. Freire disse na rede, em post publicado hoje, que em 40 anos de vida pública jamais se envolveu em situação semelhante. “Tivemos um ríspido embate verbal e no meio do meu pronunciamento a deputada Jandira Feghali tentou me impedir de continuar falando, colocando sua mão à frente do meu rosto. Segurei seu braço, para que meu direito de se expressar não fosse cerceado. Se o fiz com força acima do aceitável, pedi de imediato desculpas a ela, inclusive da tribuna da Câmara.”