Com cifras bilionárias, COI terá trabalho para cancelar Olimpíada

Com cifras bilionárias envolvidas, não será fácil para o Comitê Olímpico Internacional (COI) e Comitê Organizador do Jogos de Tóquio cancelar a edição programada para começar em 24 de julho (Olimpíada) e 25 de agosto (Paralimpíada). As duas partes ainda argumentam que as datas estão mantidas, apesar do cancelamento de centenas de eventos esportivos no mundo todo por causa da pandemia de coronavírus.

Cancelar os Jogos de Tóquio seria a medida mais extrema. O evento conta com o número recorde de 14 patrocinadores globais, 15 parceiros "ouro", 32 parceiros oficiais e 19 apoiadores oficiais. Ou seja, um total de 80 empresas. Excluindo as 14 marcas que são vinculadas ao COI, as empresas locais desembolsaram cerca de US$ 3,3 bilhões (R$ 15,9 bilhões), cifras que são o triplo do recorde anterior, de Londres-2012.

Os patrocinadores estão demonstrando apoio às decisões do COI e comitê local. "A P&G esclarece que segue como um dos patrocinadores dos Jogos Olímpicos e mantém todo o seu planejamento. Muitos mercados nos quais a companhia atua e marcas de seu portfólio estão trabalhando ativamente para Tóquio-2020", disse a empresa.

"A companhia reforça que está monitorando de perto o avanço da COVID-19 e mantém uma comunicação regular e muito próxima com o COI, Tóquio-2020 e todas as partes relevantes para garantir a segurança e proteção de todas as pessoas envolvidas, que são a sua principal preocupação", continuou.

Outro parceiro do COI é a Visa, que garantiu ter plena confiança nos organizadores. "Como parceiro global dos movimentos olímpicos e paralímpicos, a Visa está monitorando a situação do coronavírus de perto, seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde, autoridades governamentais e outros especialistas e stakeholders, incluindo o Comitê Olímpico Internacional, o Comitê Paralímpico Internacional e o Comitê Organizador Tóquio-2020", explicou.

Depois dos atletas, os patrocinadores são o segundo grupo em ordem de importância para o COI. Então toda decisão passará por uma conversa com eles. Até por isso, é mais fácil adiar do que cancelar, como já admitiu inclusive a ministra Seiko Hashimoto, mas que nesta sexta-feira reforçou que o planejamento está mantido.

Qualquer mudança teria impacto também nos torcedores que compraram ingressos para as disputas. Só para residentes japoneses foram vendidos 4,48 milhões de um aporte de 7,8 milhões de bilhetes – no sorteio para ver quem era contemplado com o direito de comprar entradas, 7,5 milhões de pessoas se inscreveram, demonstrando o entusiasmo do público local pelos Jogos Olímpicos.

A Match Hospitality AG, empresa suíça que é a revendedora oficial de ingressos dos Jogos de Tóquio para os torcedores brasileiros, garante que informará aos clientes se algo for alterado. "A Match entende a sua preocupação em relação ao COVID-19; no entanto, o COI e o CO não encaminharam, até o momento, posicionamento sobre cancelamento ou adiamento", afirmou em nota.

Thomas Bach, presidente do COI, reforçou que não tem mudança de planos por enquanto, mas que "seguirá as recomendações da Organização Mundial de Saúde". Isso significa que, caso o alerta de pandemia de coronavírus não seja retirado, a chance de adiamento aumentará. Para o Japão, que gastou até agora estimados US$ 26 bilhões (R$ 125,4 bilhões) para deixar Tóquio pronta, o cancelamento dos Jogos seria uma bomba que poderia derrubar o PIB do país em 1,4%, segundo apontou Junichi Makino, economista da Nikko Securities.

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