Soltando rojões, tocando cornetas e gritando em carros de som, cerca de 5 mil taxistas, segundo policiais militares, cercaram a Câmara Municipal nesta quarta-feira, 27, durante a votação do projeto de lei de regulamentação da Uber. Por desconhecimento do processo legislativo, chegaram a comemorar o adiamento da votação, por volta das 19h30, como se o texto tivesse sido rejeitado. Diante da “vitória”, rojões foram lançados na direção da Casa. Uma funcionária do 6.º andar ficou ferida.
Os taxistas se desentenderam com guardas-civis, PMs e entre si. Durante a tarde, um empurra-empurra entre manifestantes e supostos motoristas da Uber terminou com quatro detidos. Eles foram levados para o 1.º Distrito Policial (Sé), onde ainda eram ouvidas até as 20 horas desta quarta.
Entre a primeira confusão e a votação, os taxistas ficaram concentrados ao redor de vendedores ambulantes e em bares e padarias na região da Câmara, no Viaduto Jacareí. “Era uma corrida de Santo Amaro até o aeroporto. Deu R$ 43. A Uber fica com 20%. Não tem chance”, dizia um taxista, para colegas, mostrando no celular uma foto de um marcador de preço da Uber. Os taxistas reclamavam da dificuldade de concorrer com os motoristas do aplicativo. No carro de som, taxistas anunciavam a presença de colegas do Rio, de Minas e até de Pernambuco.
As conversas se encerraram quando um telão passou a transmitir a votação. Os taxistas, porém, não sabiam o que estava acontecendo. No plenário, os vereadores decidiam se o projeto iria à votação, mas os taxistas comemoravam cada “não” como se fosse a rejeição ao projeto. Encerrada a sessão, abraçavam-se euforicamente.
Confusão. Neste momento foram lançados rojões. PMs que acompanhavam o protesto de longe entraram na multidão para impedir mais disparos. Um grupo de manifestantes cercou os policiais. Houve, então, confusão. Do carro de som, lideranças pediam calma. Guardas-civis, que estavam em maior número, foram ao resgate dos PMs e a confusão se encerrou.
Novos focos de empurra-empurra começaram a surgir, entre os próprios taxistas, à medida que eles entendiam que o processo de votação havia apenas sido adiado. “O prefeito Fernando Haddad arregou! É um frouxo!”, esbravejava o presidente do Sindicato dos Motoristas nas Empresas de Táxi no Estado de São Paulo, Antonio Matias, que já disse, em fevereiro que haveria violência caso o projeto fosse aprovado.