Em reunião com o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, e representantes das 27 federações de agricultura do País, a presidente Dilma Rousseff voltou a defender o seu mandato, repetindo que “um golpe está em curso no País e que não há crime de responsabilidade porque “as chamadas pedaladas são feitas desde 1994, por todos os governos e nenhum foi punido”.
Dilma avisou ainda que “vai lutar para permanecer no cargo”. A proposta de eleições diretas, que está em discussão no Planalto, mas que tem a resistência dos movimentos sociais, não foi tratada no encontro, segundo Broch.
A Contag veio pedir à presidente que libere, pelo menos, R$ 30 bilhões para o plano de agricultura familiar que será lançado na quarta-feira da semana que vem, no Planalto. Os representantes das federações de trabalhadores na agricultura pediram também que Dilma não permita o aumento da taxa de juros para os financiamentos do setor, justificando que já foram elevados o ano passado. Dilma prometeu que “vai se esforçar ao máximo junto a área econômica” para atendê-los.
Broch contou ainda que defendeu junto à presidente a edição de uma Medida Provisória prorrogando o prazo de cadastramento ambiental rural, que vence em 5 de maio, já que muitos trabalhadores não conseguiram regularizar sua situação.
Invasão
Na entrevista, Alberto Broch, defendeu a invasão de terras improdutivas, como forma de luta para garantir assentamentos. “A Contag sempre defendeu a ocupação de terras improdutivas. Vocês sabem de algum assentamento feito no Brasil que não foi com luta? Se tiver algum, nos últimos 30 anos, me avisem”, disse, acrescentando que “ocupação de terras improdutivas é natural da luta”.
Sobre o eventual governo Michel Temer (PMDB), Alberto Broch afirmou que “tem receio não só em relação à agricultura familiar, mas em relação aos direitos”. E avisou: “Mexer na aposentadoria de um trabalhador rural que ganha um salário mínimo? Vocês acham que nós vamos aceitar isso? Nós não vamos aceitar isso. Mexer nos direitos de um trabalhador rural, onde mais de 60% estão na informalidade e (levando em conta que) nós não temos poder de negociar com o patronato? A nossa garantia é a legislação”.
Ele garantiu que os trabalhadores rurais”estão preparados para a luta, para manter os direitos e ampliá-los”. E frisou: “Nós vamos lutar muito para que não tenha retrocesso nos direitos, seja no governo Dilma, seja no próximo governo, golpista ou não golpista.”