Ainda em crise financeira, a Universidade de São Paulo (USP) já prevê neste ano um déficit de R$ 1,130 bilhão. Isso significa que vai gastar 24,3% a mais do que os R$ 4,649 bilhões que deve receber do governo estadual. Com o cenário mais pessimista, a Comissão de Orçamento e Patrimônio (COP) já recomendou à reitoria medidas extras para frear gastos.
Os novos números vêm de projeções feitas pela COP, em documento obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo. No total, a USP prevê em 2015 despesas de R$ 5,779 bilhões. O novo déficit é superior aos R$ 988 milhões anteriormente previstos. Para honrar os compromissos, a reitoria tem usado a reserva financeira, que deve terminar o ano com menos de R$ 800 milhões. Em junho de 2012, essa poupança tinha R$ 3,6 bilhões.
Os cálculos já consideraram a proposta de reajuste de 7,21% a docentes e funcionários, feita na semana passada. Essa revisão orçamentária será discutida nesta terça-feira, 19, em reunião do Conselho Universitário. A reitoria só vai comentar as projeções da COP após o Conselho.
A avaliação interna é de que a mudança na previsão de déficit está mais ligada à deterioração da economia do que a um aumento de despesas da universidade. A USP recebe uma cota de 5,03% da arrecadação estadual do Imposto sobre Mercadorias e Serviços (ICMS).
No ano passado, a previsão inicial de déficit orçamentário era de R$ 575 milhões. Ao fim de 2014, o gasto da reitoria além dos repasses do Estado foi de R$ 795 milhões.
Salários
Até agora, a principal medida anticrise foi um plano de demissão voluntária (PDV), que teve a adesão de 1.382 funcionários e garantiu economia de 4,4% nos gastos com a folha salarial. Como houve custos com as indenizações dos servidores que saíram, os efeitos do plano só devem ser mais significativos nos próximos anos.
No fim de 2015, a previsão é de que a USP tenha 100,8% das receitas comprometidas com a folha de pagamento. O ideal é que a universidade gaste, no máximo, 85% dessa verba com os salários. As novas medidas para frear gastos ainda estão em estudo pela administração. As contratações e a maioria das obras continuam congeladas.
Apesar da elevada taxa de gastos com os salários, os reitores optaram por um índice que repusesse as perdas com a inflação. Segundo o documento da COP, houve um “grande esforço” para garantir o poder aquisitivo das remunerações.
No ano passado, os dirigentes da USP, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) tentaram congelar os salários de professores e técnicos. As categorias fizeram uma greve conjunta de mais de 110 dias e conseguiram reajuste de 5,2%.
A avaliação dos reitores é de que seria melhor evitar o desgaste de uma nova paralisação longa. Mas os servidores pedem agora 11,6%. “Esperamos que a negociação não tenha terminado nessa proposta (de 7,21%)”, diz Cesar Minto, coordenador do fórum sindical.
Outra preocupação de Minto, docente da USP, é de que as novas ações para conter gastos prejudiquem o funcionamento da instituição. “Esses cortes são muito prejudiciais à atividade-fim da universidade.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.