Inconformado com a inutilização de seu relatório na votação em plenário da Reforma Política, o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) está fazendo campanha em plenário contra o distritão, sistema eleitoral onde os candidatos mais votados são eleitos. Na contramão da determinação de seu partido, o peemedebista está distribuindo um panfleto onde chama o sistema de “retrocesso”.
Castro participou na tarde desta terça-feira, 26, da reunião da bancada, onde foi reafirmada a posição pró-distritão. Durante o encontro, o deputado chamou de “arbitrariedade” a votação de outro parecer em plenário e disse que não havia justificativa para o que havia sido feito com seu trabalho. Ao avocar para plenário a votação sem apreciação do relatório na comissão, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alegou que o relatório de Castro não passaria em plenário. “Ele é Deus? Ele sabe o que pensa a maioria do plenário?”, questionou Castro.
No panfleto, o deputado do Piauí diz que o distritão impõe campanhas eleitorais mais caras, com influência do poder econômico, personalização da política, partidos sem coesão e sem conteúdo ideológico, baixa governabilidade, relação “pouco republicana” entre financiadores e candidatos, além da sub-representação de minorias. “Temos que fazer a coisa certa pelo bem da nossa democracia e pensando no povo brasileiro. Daremos um grande passo barrando o distritão do nosso sistema eleitoral”, diz a mensagem.
No plenário, partidos se articulam para derrotar o distritão. PT e PRB se juntaram para barrar a proposta do PMDB de Cunha. “Distrital Misto é o menos pior. Existe um pouco mais de democracia”, defendeu o líder do PRB, Celso Russomanno (SP). O líder do PRB prega o financiamento de pessoa física com teto e uso do fundo partidário em campanhas eleitorais. O partido é contra o financiamento empresarial. “Enquanto tiver financiamento de empresa, vai ter corrupção”, concluiu Russomanno. O bloco contra o distritão deve contar também com PSB e PSOL.
O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), disse estar atento ao movimento dos contrários ao distritão. “Vamos trabalhar para superá-los. Estou otimista porque a sociedade anseia por mudanças. Não apoiar o distritão é deixar tudo como está. E este é o pior dos desgastes”, afirmou Picciani. O líder disse contar com o apoio do PROS, Solidariedade, PHS, PTN, parte do PSDB (caso não passe o distrital misto) e até o PCdoB.
Oficialmente, o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), liberou a bancada aliada para votar como quiser e argumentou que diante de um tema tão delicado, “o aconselhável é não opinar”. “O governo torce para que seja uma reforma profunda”, desconversou o governista. Nos bastidores, os petistas estão militando contra o distritão e o financiamento empresarial.