A Secretaria de Saúde de Jundiaí, interior de São Paulo, confirmou a febre maculosa como a causa da morte de um homem de 50 anos e de um adolescente de 16, ocorridas em abril deste ano na cidade. Os óbitos vinham sendo investigados como suspeitos de dengue. A causa foi definida após a chegada dos laudos do Instituto Adolfo Lutz, na quarta-feira, 27. Até o final de março, foram confirmadas seis mortes por essa doença, este ano, no Estado, número que não inclui os óbitos de Jundiaí. Em todo o ano passado, foram 55 mortes, segundo a Secretaria da Saúde do Estado.
A doença é transmitida pelo carrapato-estrela, que se hospeda em bois, cavalos, cães e, principalmente, na capivara. Nos casos de Jundiaí, as vítimas não tinham contato entre si. O homem era morador da Vila Rami, enquanto o adolescente morava no bairro Terra Nova. Segundo o coordenador do Centro de Controle de Zoonoses, Carlos Ozahata, o garoto tinha o hábito de andar a cavalo pela região, por isso já havia sido atacado por carrapatos em outras ocasiões, conforme relataram os familiares.
Já o homem de 50 anos passava temporadas no Rio de Janeiro, podendo ter se contaminado nessas ocasiões. A cidade já registrou duas mortes anteriores por febre maculosa, uma em 2011 e a outra em 2008. De acordo com Ozahata, com a confirmação dos casos, serão delimitadas as áreas frequentadas pelas vítimas nos dias anteriores aos sintomas. Animais encontrados nessas áreas serão submetidos a testes sorológicos. Os moradores serão alertados para evitar áreas onde possa haver carrapatos.
Em Limeira, um homem de 62 anos e sua filha de 33 também morreram, em janeiro deste ano, com febre maculosa. Os casos foram diagnosticados inicialmente como dengue. A confirmação da causa ocorreu só em abril, quando o município recebeu os exames do Adolfo Lutz. Em Holambra, um casal morreu no dia 2 de fevereiro com suspeita inicial de dengue. Ao ser transferido para o Hospital das Clínicas de Campinas, o diagnóstico mudou para febre maculosa.
O homem de 24 anos e sua mulher de 21 eram trabalhadores rurais e morreram quase ao mesmo tempo. No último dia 25, a Secretaria de Saúde de Iracemápolis recebeu laudo confirmando a febre como causa da morte de um jovem de 22 anos, ocorrida em março. O caso era tratado como suspeita de dengue. Pelo menos quatro óbitos suspeitos estão em investigação no interior.
De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado, a febre maculosa é uma doença febril aguda e usualmente de elevada gravidade. Os casos são de notificação compulsória. A investigação e as ações de bloqueio são realizadas pelas vigilâncias epidemiológicas municipais.
A febre é transmitida pelo carrapato-estrela, portador da bactéria Rickettsia rickettsii. O carrapato se alimenta de sangue e tanto pode estar diretamente no hospedeiro, quando ser levado pelas aves. Para haver transmissão da doença, o carrapato infectado precisa ficar ao menos quatro horas fixado na pele da pessoa. Os de menor tamanho são mais perigosos, dada a dificuldade de serem vistos.
A doença não é transmitida de uma pessoa para outra, mas também não existe vacina contra ela. A melhor prevenção é evitar lugares onde possa haver carrapato, especialmente beira de rios e lagos habitados por capivaras. Indo a esses lugares, é importante examinar o corpo a cada duas ou três horas para detectar carrapatos grudados na pele.
No Brasil, há casos de febre maculosa nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco.
Ao cair na circulação, a bactéria causa lesões na camada interna dos vasos sanguíneos. Os primeiros sintomas aparecem, na maioria dos casos, sete dias após a picada. O infectado apresenta febre alta, dor de cabeça, inapetência e desânimo. Depois aparecem manchas avermelhadas que podem se tornar salientes.
Muitos desses sintomas são parecidos com os da dengue. A taxa de mortalidade é alta, por isso é importante o diagnóstico precoce. A doença tem cura desde que o tratamento com antibióticos seja iniciado nos primeiros dois ou três dias de sintomas.