O deputado Alexandre Baldy (PSDB-GO) sugeriu, nesta quarta-feira, 24, o indiciamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do empresário José Carlos Bumlai na CPI do BNDES. Trata-se de um voto alternativo ao relatório final do deputado José Rocha (PR-BA) apresentado nesta terça-feira, que não sugere indiciamentos ao fim dos trabalhos da CPI. O voto em separado é uma manifestação de protesto da oposição, sem efeitos práticos.
Baldy, que é um dos sub-relatores da comissão, também sugeriu o indiciamento de Luciano Coutinho, presidente do BNDES, de Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho da primeira mulher do ex-presidente Lula, e do empresário Benedito de Oliveira, conhecido como “Bené”.
Segundo ele, no caso “há indícios veementes de crimes de gestão temerária, crimes contra o sistema financeiro e improbidade administrativa”.
“Aqui não há supostos indícios, há sim um inquérito criminal em curso, em sigilo, que esteve ao conhecimento de todos os colegas e que deixa a robusta conclusão de que o ex-presidente Lula atuou em favor da empresa Odebrecht”, afirmou o deputado tucano.
Ele se referia às investigações do Ministério Público Federal de Brasília, que recolheu documentos de empresas de Lula, da Odebrecht e do BNDES para apurar suposto tráfico de influência internacional do ex-presidente em favor da empresa brasileira.
Os membros da comissão ainda precisam discutir e votar o relatório de Rocha, que adiantou ontem que não deve acatar os pedidos de indiciamento, a menos que uma “decisão política” altere o cenário. “Não vi na participação do Luciano Coutinho, como presidente, nenhum motivo que eu pudesse pedir seu indiciamento. Todos os executivos vieram aqui e deram explicações”, afirmou nesta terça.
Hoje, após a fala de Baldy, Rocha disse que as posições apresentadas nos votos alternativos seriam respeitadas e compartilhadas no site oficial da Câmara para conhecimento público.
Entre os pontos apresentados no relatório final, a CPI sugere que as metas para as operações do BNDES estejam à disposição dos órgãos de controle, que as normas internas do banco sejam públicas e que sejam adotados instrumentos de isolamento político para os diretores e suas decisões.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) investiga possíveis irregularidades no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entre 2003 e 2015, relacionadas à concessão de empréstimos suspeitos e prejudicais ao interesse público.