A defesa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu entrou com dois pedidos na Justiça para ter acesso aos depoimentos de dois delatores da Operação Lava Jato, o do lobista Milton Pascowitch e o do dono da UTC, Ricardo Pessoa, segundo confirmaram os advogados.
O pedido de acesso ao depoimento de Pessoa foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na última semana, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato na Corte, homologou a delação feita pelo empreiteiro. De acordo com reportagem da revista “Veja”, Pessoa disse à Justiça que a UTC Engenharia pagou R$ 3,2 milhões à consultoria de Dirceu por serviços não prestados.
Já a solicitação de acesso à delação de Pascowitch foi encaminhada à Justiça Federal no Paraná, onde o acordo de delação foi firmado. O lobista apontou supostos repasses de propinas para o ex-ministro nos depoimentos, com pagamento de R$ 1,45 milhão pela empresa Jamp Engenheiros Associados, da qual era dono, para a empresa de Dirceu entre 2011 e 2012.
As revelações dos delatores permanecem em segredo na Justiça até o momento. No STF, outros pedidos de acesso à delação de Pessoa já foram negados por Zavascki. O ministro do Supremo já negou acesso à delação do dono da UTC aos ministros da Comunicação Social, Edinho Silva, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, aos senadores senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) e Edison Lobão (PMDB-MA) e ao advogado Tiago Cedraz. O entendimento do ministro é de que a delação só pode ser tornada pública após acusação formal por parte do Ministério Público com relação a eventuais investigados.
A partir das revelações feitas pelo dono da UTC, a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve reforçar investigações já em curso e também solicitar abertura de novos inquéritos, para apurar casos que ainda não estavam sob análise dos investigadores.