A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira, 2, que o processo de impeachment que a tirou do poder, não existindo um crime de responsabilidade, “tem uma imensa fragilidade jurídica”. Em entrevista para jornalistas estrangeiros no Palácio do Alvorada, ela voltou a explicar as argumentações técnicas de sua defesa, afirmando que outros presidentes já haviam editado decretos de crédito suplementar idênticos aos dela e que o Ministério Público Federal (MPF) deixou claro que a presidente não tem participação na execução do Plano Safra.
Dilma defendeu a votação separada da perda do mandato e da inabilitação para ocupar cargos públicos, mas disse achar estranho que tenha havido um placar diferente nos dois sufrágios. “A segunda votação foi daqueles que consideravam que não era necessária uma punição tão forte. Eu sei que tinha muitos senadores indecisos, desconfiados de que esse processo não era o que pintavam, mas sei também que o governo interino fez uma imensa pressão”, comentou. Segundo Dilma, por trás do impeachment há a ideia de que ou tiravam ela do poder ou as investigações da Lava Jato atingiriam muitos integrantes do PMDB.
Ela ressaltou que respeita a decisão do Senado, mas vai recorrer da decisão em todas as instâncias possíveis e que, nem por isso, seu impeachment deixa de ser um “golpe parlamentar”. “Mais uma vez a democracia foi julgada comigo e infelizmente nós perdemos. Espero que todos juntos saibamos reconstruí-la, que ao longo desse processo sejamos capazes de ter clareza daquilo que nunca mais pode acontecer”.