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Após escândalo, Ribeirão Preto tem prefeita reclusa e PF na Secretaria da Fazenda

Com um perfil extrovertido e acostumada às aparições públicas, a prefeita de Ribeirão Preto (SP), Dárcy Vera (PSD), adotou o silêncio e a reclusão no primeiro dia após o escândalo deflagrado pela “Operação Sevandija” que apura o desvio de R$ 203 milhões dos cofres da cidade paulista.

Pela manhã, Dárcy entrou pela porta dos fundos do Palácio Rio Branco, sede do governo local, e se trancou no gabinete com a missão de recompor o governo abalado com a destituição, pela Justiça, e a prisão, pela Polícia Federal (PF), de secretários e diretores de empresas públicas.

Enquanto a prefeita nomeava as primeiras pessoas para postos nos quatro meses restantes do seu segundo governo, a PF fazia novas buscas, agora na sede da Secretaria da Fazenda de Ribeirão Preto, em um prédio na região central da cidade, a poucos quilômetros da prefeitura. O secretário interino da Fazenda, Elton Cyrillo, prestou depoimento juntamente com outras servidoras da pasta na sede da PF do município.

No saguão do Palácio Rio Branco, um segurança da prefeita e uma atendente barravam repórteres que até quinta-feira, dia 1º, tinham acesso livre aos poucos departamentos do imóvel – bem como ao andar superior, onde fica o gabinete de Dárcy.

Constrangidos, assessores mais próximos à prefeita contaram que foram comuns, durante a manhã, xingamentos vindos de pessoas que passavam nas ruas laterais ao imóvel ou mesmo de prédios em frente ao palácio.

Outros funcionários apenas lamentavam, já que estão entre os 700 contratados indiretamente pela Atmosphera e sabiam do risco de perderem o emprego. A empresa terceirizada é investigada pela PF e pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) na “Operação Sevandija” pela contratação de apadrinhados de vereadores e políticos para prestarem serviço em órgãos públicos.

Segundo procuradores do Gaeco, a moeda de troca pela contratação dos apadrinhados era a manutenção da base parlamentar de Dárcy na Câmara Municipal. Grande parte dessa base de apoio foi esfacelada com a suspensão do mandato de nove parlamentares, o que reduziu o número de vereadores na Câmara de 22 para 13.

No meio da tarde, Dárcy recebeu Abranche Fuad Abdo, secretário de Obras Públicas, e sua mulher, Dulce Neves, secretária de Cultura, mais conhecida por ter sido capa da revista Playboy na década de 90. Em poucas palavras, Abdo primeiro disse que não sabia se a prefeita estava lá e, ao ser informado que sim, afirmou que iria falar com ela. “Só quero entender, mais nada. Foi uma surpresa, sem dúvida”, afirmou o secretário.

Além de reuniões com assessores, Dárcy nomeou novos nomes para o governo. Para a Secretaria da Casa Civil foi escolhido o servidor municipal Marcus Berzoti, que acumulará a Secretaria de Governo. Ele substituiu Layr Luchesi Júnior, destituído pela Justiça e levado a depor na PF sob condução coercitiva.

Para a Coordenadoria de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto (Coderp) foi indicado Laerte Marques Costa. Após a prisão temporária e a destituição do coordenador do Departamento de Águas e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp), Marco Antonio dos Santos, o cargo foi assumido por Tanielson Campos, que acumulará ainda a Secretaria de Turismo.

O nome do substituto do ex-secretário de Educação Alfredo Invernizzi, também preso na operação e destituído pela Justiça, ainda não havia sido divulgado. “A administração municipal esclarece ainda que está trabalhando para que nenhum serviço público seja prejudicado”, informou a prefeitura em nota.

Movimento além do normal teve a banca de revista a poucos metros do Palácio Rio Branco. Os jornais locais se esgotaram logo pela manhã, algo raro.

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