O pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar irregularidades nas ciclovias implementadas pelo prefeito Fernando Haddad (PT) na capital foi derrubado pela bancada governista no início da tarde desta terça-feira, 01, na Câmara Municipal.
Com 28 votos contra e oito a favor, a sugestão apresentada pelo vereador Andrea Matarazzo, líder do PSDB e pré-candidato à Prefeitura pelo partido, foi negada pelo segundo ano consecutivo.
No mês passado, o Ministério Público Estadual apresentou uma ação de improbidade administrativa contra Haddad e o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto (PT), em função da forma de contratação realizada pelo município para a instalação de 12,4 km de vias exclusivas entre o Parque do Ibirapuera, na zona sul, e a Ceagesp, na zona oeste. Cada km custou R$ 4,4 milhões.
Os promotores Marcelo Milani e Nelson Luís Sampaio de Andrade pedem a devolução de R$ 54,7 milhões aos cofres públicos. Segundo eles, a gestão Haddad deveria ter contratado a obra por meio de uma licitação, não ata de registro de preços, como realizado.
Segundo Haddad, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), responsável pela obra citada, tem “capacidade técnica” para tocar o programa de ciclovias da cidade. O município já foi notificado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a explicar a escolha da forma de contratação.
“Com tantas dúvidas sobre os altos custos das ciclovias, e as falhas de planejamento, seria importante trazer esse assunto para o debate da população”, defendeu o vereador Ricardo Nunes (PMDB), único representante de outro partido, além do PSDB, a defender a CPI das ciclovias. Os demais apoiadores foram os tucanos Aurélio Nomura, Eduardo Tuma, Gilson Barreto, Mario Covas Neto, Patrícia Bezerra, Quito Formiga e Salomão Pereira.
Radares
A bancada de oposição à gestão Haddad ainda tentou emplacar uma CPI sobre a “indústria da multa” na capital, em referência ao alto número de radares em funcionamento, mas também foi derrotada nesta proposta e pelo mesmo placar. A CPI aprovada pelos vereadores, com apoio da oposição e situação, tratará sobre compensações ambientais.
O presidente da comissão será o vereador Ricardo Young, que se desfiliou do PPS para entrar na Rede, partido criado pela ex-senadora Marina Silva. “Queremos sistematizar as informações para criarmos uma nova legislação para a cidade”, disse.