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Brasil já tem 641 casos confirmados de microcefalia

O número de casos confirmados de microcefalia no País aumentou 10% em uma semana, passando de 583 para 641, de acordo com boletim epidemiológico divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. Também cresceu o número de registros da má-formação cuja associação com o vírus zika já foi comprovada por exames laboratoriais. Na semana passada eram 62. Agora, já são 82, alta de 32%.

Segundo o boletim federal, 4.222 casos de microcefalia ainda estão em investigação e 1.046 foram descartados. No total, o País teve 5.909 notificações da má-formação desde 22 de outubro. Os casos estão distribuídos em 1.143 municípios de 25 unidades da federação.

São Paulo fez 166 notificações, 41 já descartadas. Conforme informado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 29 casos estão possivelmente associados à infecção pelo vírus zika, porém, ainda não foram finalizadas as investigações – no mês passado, conforme informado pelo secretário de Estado da Saúde, David Uip, eram 21.

O ministério também informou que já são 139 mortes associadas à microcefalia ou alteração do sistema nervoso central. O Nordeste concentra 81% dos casos notificados e Pernambuco continua com o maior número de casos que permanecem em investigação (1.672).

Diagnóstico

Com casos concentrados, o Estado é alvo de queixas em relação aos diagnósticos. Os resultados de um exame a que foram submetidos, de outubro a dezembro, quase cem bebês com microcefalia em Pernambuco ainda não foram entregues às mães, que reclamam de “falta de respeito” do governo do Estado. Considerado invasivo, o procedimento de coleta de líquido cefalorraquidiano (LCR) detecta anticorpos recentes contra o vírus zika, comprovando que os fetos foram infectados.

“Nenhuma mãe recebeu o resultado do exame de seu filho. Isso é de uma profunda falta de respeito: fazer um exame invasivo numa população acometida de um defeito congênito grave do sistema nervoso e nem sequer providenciar o resultado”, diz nota encaminhada às autoridades pela Associação de Mães e Famílias Raras (Amar), da qual faz parte o grupo União de Mães de Anjos (UMA), formado por mães de bebês com microcefalia. Em laboratórios privados, o exame volta ao paciente em até uma semana.

O líquor – líquido que age como um protetor mecânico e lubrificante do sistema nervoso central – é colhido na região posterior do pescoço ou na lombar, por meio de uma punção com agulha descartável, cujo diâmetro pode chegar a 0,8 milímetros. Conforme médicos ouvidos pelo Estado, o exame tem alta precisão para diagnosticar processos infecciosos do sistema nervoso, como citomegalovírus e meningites.

As mães suspeitam que o índice de casos da má-formação relacionados ao zika seja baixo e, por “não combinar com a versão de que o vírus seria responsável pelo surto de microcefalia”, os testes estariam demorando para retornar.

A Secretaria da Saúde de Pernambuco informa, no entanto, que foram detectados anticorpos IgM – que sinalizam a fase aguda da doença – em 67 das 83 amostras de LCR testadas pelo Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, da Fiocruz. Ainda faltam testar amostras de outros 12 bebês. Os reagentes para as análises foram fornecidos pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. “É importante esclarecer que os testes sorológicos realizados não estão disponíveis na rotina dos laboratórios nacionais”, afirmou a secretaria, que não apresenta uma justificativa para a demora ou um prazo para a entrega dos resultados à mães.

Outras demandas

As mães pernambucanas, na carta aberta da UMA, levam outras demandas ao governo. Solicitam a adoção, por exemplo, de um órgão que preveja atendimento multidisciplinar domiciliar às crianças. A UMA pede também passe livre para mães de pessoas com doenças raras, mais emprego para essas mulheres e um programa de suplementação de ácido fólico, “importante nutriente para o sistema nervoso do feto”.

O governo de Pernambuco informou que recebeu a carta e está discutindo “ponto a ponto, no sentido de trabalhar, junto ao governo federal, para criar uma rede que dê segurança às famílias”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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