O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB-GO), disse a jornalistas que ele “jamais participaria de qualquer atitude golpista”. Ao ser questionado que essa é justamente a reclamação do governo sobre as falas da oposição em torno de impeachment, Perillo emendou: “Não estou dizendo que o PSDB tem sido golpista, estou dizendo que eu não participaria de qualquer atividade que pudesse cheirar a isso e tenho certeza que o Aécio não faria, nem o PSDB nem o DEM”, disse, ao deixar um evento do setor sucroalcooleiro na capital paulista.
Antes afeito a elogios ao governo Dilma, Perillo seguiu a tendência tucana e passou a fazer críticas, ainda que mais sutis que a de outros correligionários. Ele diz ver uma frustração da população com o governo, mas não acredita haver hoje fato determinante para o afastamento da presidente da República. “A gente percebe que houve uma frustração por parte da sociedade brasileira em relação ao programa do PT, mas essa é uma questão muito mais dos parlamentares, especialmente da oposição”, afirmou.
O governador disse que qualquer desfecho de afastamento de governante deve passar pela legislação, mas admitiu que o clima político é desfavorável ao governo petista. “Pode até haver algum tipo de clima, mas não vejo condições materiais para que isso possa ocorrer.”
Entre as críticas e a defesa da legitimidade de Dilma, Perillo comparou sua situação e a do governador paulista Geraldo Alckmin à de Dilma. “A presidente foi reeleita democraticamente, eu fui, o Geraldo foi. Qualquer assunto relacionado a isso (impeachment) deve ter um fato consumado.”
Em maio, Perillo recebeu Dilma para a inauguração de um trecho de ferrovia em Anápolis e fez um discurso elogioso à presidente, chamando-a de estadista. A fala foi duramente criticada dentro do PSDB. “Eu quero dizer à senhora, que onde quer que a senhora esteja amanhã, no futuro, quando a senhora deixar o seu ou os seus governos, quando a senhora descer a rampa do Palácio, a senhora terá, para sempre, um admirador, um amigo, uma pessoa que reconhecerá o gesto de Vossa Excelência em relação ao meu Estado e à nossa querida cidade de Anápolis”, disse em discurso em maio.