O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, tentou minimizar a sua convocação pela CPI da Petrobras, na manhã desta quinta-feira, 9. “Não vejo nenhum problema em comparecer à CPI. Se eu puder colaborar de alguma forma para a elucidação dos fatos, eu o farei. Comparecer ao Parlamento é sempre uma honra para mim”, declarou o ministro da Justiça, por meio de nota.
Para o governo, a convocação de Cardozo, ao invés de os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Secretaria de Comunicação, Edinho Silva, está sendo considerada “o menor dos males”. O fato de o ministro Cardozo ser um “bom orador”, com facilidade de negociar com o Congresso, além de não ser uma pessoa de dentro do Planalto, é considerado, no entendimento destes auxiliares palacianos, um ganho nesta guerra política. Estes auxiliares apostam também que Cardozo certamente se sairá bem na CPI.
Apesar de o temor inicial com esta manobra de convocar Cardozo, o entendimento, no Congresso, era que, melhor que fosse ele, que poderá responder com propriedade questões relativas à Polícia Federal, às denúncias de grampo na cela do doleiro Alberto Youssef. Assim, livraria inclusive o ex-ministro José Dirceu e até mesmo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, na hora da disputa política, poderia acabar sendo convocado já que, entre as centenas de requerimentos que existem na CPI para que pessoas citadas sejam ouvidas, um deles pede para que Lula seja ouvido.
A convocação de Cardozo, no entanto, foi fruto de uma negociação com integrantes da CPI, para poupar Mercadante e Edinho e, em ultima instância, a própria presidente Dilma, já que são dois auxiliares diretos dela.
Esta quinta-feira foi um dia de intensas negociações. O presidente em exercício Michel Temer, que da viagem a Dourados (MS) seguiria direto para São Paulo, mudou de ideia e voltou para Brasília. Temer se reuniu há pouco com o ministro da Secom, Edinho Silva, e há expectativa de que ele possa se reunir com Mercadante também ainda hoje. (Colaborou Lisandra Paraguassu)