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Promotoria eleitoral pede explicações a Alckmin

O Ministério Público Eleitoral (MPE) em São Paulo encaminhou na terça-feira, 6, um ofício destinado ao governador do Estado Geraldo Alckmin (PSDB) para que ele responda se houve oferta de secretarias estaduais em troca de apoio de partidos ao candidato tucano à Prefeitura de São Paulo João Doria Jr e se houve alguma atuação por parte de Alckmin para favorecer o empresário na pré-campanha eleitoral.

O governador não é obrigado a responder o pedido de esclarecimentos, que foi enviado ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio antes de ser encaminhado ao Palácio dos Bandeirantes. Procurada, a assessoria de Alckmin informou que ele ainda não recebeu o documento e reiterou que “não há relação entre a administração pública e a disputa eleitoral”.

A campanha de Doria é alvo de uma investigação do promotor José Carlos Mascari Bonilha, da 1ª Zona Eleitoral da capital, que apura a suspeita de abuso de poder político. Uma das principais suspeitas são as nomeações para as secretarias de Alckmin de nomes ligados a partidos que apoiam a chapa do tucano, garantindo a ele o maior tempo na propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV dentre os candidatos à Prefeitura.

Neste ano, Alckmin já trocou os titulares de duas secretarias por nomes de siglas que apoiam Doria. Em julho, o advogado e ex-secretário pessoal de Alckmin, Ricardo Salles, do PP, foi nomeado secretário de Meio Ambiente no lugar da professora da USP especialista na área, Patrícia Iglecias. Em agosto foi a vez de o presidente estadual do PHS, Laércio Benko, assumir a pasta do Turismo. Os dois partidos compõem a chapa de Doria.

Diante disso, Bonilha encaminhou um pedido de esclarecimentos ao governador para saber se houve “eventual oferta de Secretaria de Estado para agremiações política em troca de apoio em benefício do candidato ao cargo de Prefeito de São Paulo pelo PSDB”, diz o promotor no documento, em referência às secretaria de Meio Ambiente e Turismo.

O governador também chegou a cogitar, como revelou o jornal “O Estado de S. Paulo”, o nome do presidente do PV de Mogi das Cruzes, Romildo Campello, para a secretaria estadual de Cultura, no lugar de José Roberto Sadek, mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. Com a repercussão da possível troca, contudo, Alckmin acabou recuando.

Paraisópolis

Outro episódio que chamou a atenção de Bonilha foi a visita de Alckmin e Doria a Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, em junho deste ano. Na ocasião, Doria ainda estava em pré-campanha e foi com o governador que o apresentou à população da região.

O promotor eleitoral questiona o governador se, neste caso, houve “eventual atuação” para favorecer o então pré-candidato, “na medida em que teriam dado a ele oportunidades para participar de visitas a comunidades desta cidade, em detrimento das demais (pré) candidaturas ao mesmo cargo disputado”, segue Bonilha no pedido.

Afilhado político do governador, o empresário foi o único pré-candidato da sigla a ir para o segundo turno das eleições internas após um racha no partido devido a discordância de caciques da legenda sobre a indicação de Doria. O vereador Andrea Matarazzo, que disputou as prévias tucanas para definir o candidato à Prefeitura, chegou a deixar a sigla acusando o governador de atuar para beneficiar Doria. Atualmente, Matarazzo é candidato a vice na chapa de Marta Suplicy, do PMDB.

Defesa

A Assessoria de Geraldo Alckmin disse que “o governo de São Paulo desconhece o teor do ofício, mesmo porque o documento sequer chegou à sua sede”. Diz ainda que “o governo estadual reitera que não há relação entre administração pública e campanha eleitoral”.

A campanha de João Doria Jr diz que “o candidato João Dória não foi notificado a se manifestar sobre esse suposto procedimento preparatório”.

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