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Investigações sobre Angra 3 têm atraso à espera de novas delações

Negociações de acordos de delação dos réus da 16.ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada em julho, que investiga suposto esquema de corrupção na construção de Angra 3, vão atrasar o ritmo do processo na Justiça Federal, no Rio de Janeiro. Em setembro, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo, desmembrou o então inquérito do setor elétrico do processo da Petrobras.

O juiz Marcelo da Costa Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, é o responsável pela investigação na primeira instância. Ele estima que, mesmo com o atraso, uma sentença sobre o caso deve sair até julho.

As testemunhas de acusação foram as primeiras a serem ouvidas no caso, entre elas o dono da UTC, Ricardo Pessoa, e o ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, ambos delatores na Lava Jato. Já os nomes indicados pelas defesas prestam depoimento desde o fim de janeiro até 11 de março.

A partir daí, Bretas previa dar seguimento ao interrogatório dos 14 réus da ação, entre eles o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear e um dos pais do Programa Nuclear Brasileiro (acusado de receber R$ 4,5 milhões em propina), e Otávio Marques de Azevedo, presidente afastado da Andrade Gutierrez. A intenção esbarrou na notícia de que alguns réus, incluindo Azevedo, estão firmando acordo de delação premiada.

“O Ministério Público concorda, os advogados também, que é prudente pararmos logo depois de acabar a oitiva das testemunhas. Vou ter que suspender o processo esperando descerem as informações do Supremo. Aí, sim, vou chamá-los um por um com a expectativa de que eles confirmem aqui aquilo que disseram na delação”, disse o magistrado.

Previsão

O juiz acredita que o número de ações desmembradas da Lava Jato enviadas à Justiça do Rio pode aumentar. “Existe uma expectativa, e isso ainda não está claro pois será definido no âmbito do Supremo, que demais assuntos de irregularidade envolvendo a Eletrobrás, se existirem, ficariam aqui, no Rio de Janeiro”, comentou o magistrado.

A chegada do processo da Radioatividade implicou uma série de mudanças na 7.ª Vara do Rio, cujos processos não eram eletrônicos. “Se tivesse que transformar em processo físico, teria 500 volumes. É mais do que todo o resto da vara. É impossível, seriam mais de 160 mil páginas”, disse. Tampouco havia equipamento para teleconferências ou um procedimento de gravação das audiências, o que foi providenciado para “manter o padrão” de Curitiba.

Comparação

Bretas, que vem sendo lembrado como o “Sérgio Moro do Rio”, evita comparações com o juiz paranaense, mas diz admirar o trabalho do colega. Mais discreto, ele conta que prefere se manter longe dos holofotes. Também adota a política da boa vizinhança com advogados, promotores e acusados na condução das audiências. “Isso não é um ringue.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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