O debate entre os seis principais candidatos à Prefeitura de São Paulo promovido no domingo, 18, pela TV Gazeta, Estado e Twitter foi marcado pela discussão de temas relacionados ao momento turbulento pelo qual passa a política nacional. As reformas trabalhista e previdenciária, em estudo pelo governo de Michel Temer, impulsionaram as trocas de ataques entre os participantes.
Outros assuntos usados para nacionalizar o confronto eleitoral foram a Operação Lava Jato, a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o impeachment de Dilma Rousseff. Nas discussões, não faltaram menções aos padrinhos políticos dos candidatos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente Michel Temer e o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
A estratégia de nacionalizar a discussão foi adotada pelo prefeito e candidato à reeleição Fernando Haddad (PT) logo em sua primeira oportunidade de perguntar. Ele escolheu a deputada Luiza Erundina (PSOL) para questioná-la sobre proposta de Temer de criar um teto para gastos público em áreas como saúde e educação. “Eu fui contra o golpe, eu sou contra o governo Michel Temer, eu sou contra todas as medidas que ele vem implantando”, respondeu Erundina, que tentou colar a sua imagem às manifestações “Fora, Temer”.
Embora poupado pelos adversários em debates anteriores, o líder nas pesquisas de intenção de voto, Celso Russomanno (PRB) também precisou se posicionar sobre temas relacionados ao governo Temer, do qual seu partido é aliado.
Russomanno foi questionado por Marta Suplicy (PMDB) sobre uma declaração sua de que evitaria falar sobre reforma trabalhista para que sua campanha não “naufragasse”. “Quem tem que dizer para o presidente da República, que é do seu partido, que tem que resolver isso de outra forma sem tirar o direito de trabalhadores é você, não eu”, respondeu Russomanno.
Corrupção
Os ataques mais acalorados ocorreram quando os candidatos trataram de casos de corrupção, como as suspeitas envolvendo Lula e Cunha.
Ao ser questionado se faria a defesa do ex-presidente após ele ter sido alvo de denúncia, conforme orientação do PT, Haddad disse que “não teria problema com isso”. “Eu acho que o presidente Lula vai ter a chance de se defender, eu acho que você está prejulgando o presidente sem dar a ele o direito de defesa”, respondeu ao comentarista da TV Gazeta Josias de Souza, autor da pergunta.
A defesa do padrinho político também foi feita por João Doria (PSDB), que citou o governador paulista Geraldo Alckmin como “exemplo de gestão”. “Um homem decente, que coloca acima de tudo a sua condição de servidor público”, disse, momentos após o candidato do PT atacar a gestão tucana na área de segurança.
Em seguida, João Doria emendou uma critica ao mentor da eleição de Fernando Haddad em 2012: “Sabe qual é a diferença entre Lula e (o ex-presidente) Fernando Henrique Cardoso? FHC é honesto.”
Até mesmo Major Olimpio (SD), que figura entre os nanicos nas pesquisas de intenção de voto, foi constrangido pelas alianças políticas de seu partido. “Você pode ir até o enterro do amigo. Entrar no buraco e jogar terra junto é um juízo de valor de cada um”, afirmou o candidato do SD, ao ser questionado sobre o presidente do seu partido, o deputado Paulinho da Força, um dos últimos aliados fiéis de Cunha.
Nacionalização
Ao fim do encontro, Doria criticou a tentativa de nacionalizar a discussão. “Há esse movimento de nacionalizar há pelo menos dez dias. Eu quero o oposto. Quero municipalizar o debate”, afirmou. O discurso é corroborado por Russomanno, que vê uma falta de atenção aos assuntos da cidade. “Os temas nacionais estão em pauta, mas eu acho ruim. A cidade merece uma atenção especial. Isso acaba tirando o foco.”
Segundo Haddad, não se trata de estratégia eleitoral. “A pior coisa que eu poderia fazer é um cálculo deste tipo. Seria indigno da minha parte ficar fazendo cálculo político. Não faço este tipo de coisa por cálculo eleitoral. Jamais farei”, disse ele sobre usar a campanha para defender Lula. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.