A estratégia adotada por algumas instituições de ensino para diminuir gastos com professores passa pela substituição de professores antigos por mais novos, fechamento de salas e redução no número de horas/aula por docente, intensificando as atividades a distância.
Professores e alunos da antiga Uniabc – adquirida pela Anhanguera há quatro anos e desde 2014 parte da Kroton – contam que alunos de semestres diferentes fazem aulas na mesma sala. É uma forma de, ao abrir apenas salas cheias, potencializar o trabalho do professor. “Uma educação que reduz os professores significa falta de prestígio dos docentes e descompromisso com a qualidade?”, diz o professor Nelson Valverde, que leciona na unidade.
Além de diminuir a demanda por docentes, as salas chegam a ter mais 80 alunos. “Isso atrapalha a aula, inviabiliza a participação, não tem nem como tirar uma dúvida”, diz Pedro Virgílio Benaventi, que aos 60 anos cursa Engenharia na Anhanguera.
Sob condição de anonimato, a professora C.S., de 52, conta que as instituições estão demitindo quem ganha mais. “Depois contratam quem está no mestrado. Preferi sair antes”, diz ele, que, após seis anos, pediu demissão semana passada da Anhanguera.
O diretor do Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP), Marcelo Marin, diz que algumas instituições têm diminuído carga horária como forma de pressionar a saída. “Eles passam de 4 para 3 aulas por dia, evitam até o adicional noturno. O professor que não aceita é demitido. E muitos topam trabalhar com valores menores.” A Kroton defendeu que a carreira docente é valorizada na empresa e que oscilações de carga horária são naturais.
O Ministério da Educação (MEC) exige que um terço dos professores das instituições seja mestre ou doutor. Enquanto o grupo Anima tem 81% dos professores com título, acima da média do setor privado (65,3%), a Kroton tem 42%.
Como o MEC não fala em mínimo de doutores, prepondera o emprego de mestres. A média de doutores no setor privado é de 18,2% – nas quatro empresas é de 14,4%. Entre as públicas, é de 53,2%.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.