No rastro dos passos de João Vaccari Neto, a Polícia Federal descobriu que o ex-tesoureiro do PT fez pelo menos 17 visitas ao presidente da Andrade Gutierrez, empreiteira sob suspeita de ter integrado cartel para fraudes em licitações na Petrobras e na Eletronuclear.
A PF entregou à Procuradoria da República relatório com uma planilha que indica os períodos dos encontros do ex-tesoureiro – preso na Operação Lava Jato desde fevereiro de 2015-, com o empresário Otávio de Azevedo Marques, que também encontra-se na prisão em Curitiba desde em 19 de junho.
Os registros na recepção do prédio-sede da empreiteira, no Brooklin Novo, em São Paulo, indicam, na avaliação dos investigadores, uma proximidade de Vaccari com a cúpula da Andrade Gutierrez.
O petista também foi recebido pelo executivo Flávio David Barra, presidente Global da Andrade Gutierrez Energia e capturado pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira, 28, por suspeita de pagamento de propinas para o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, presidente licenciado da Eletronuclear.
Vaccari esteve na sede da Andrade Gutierrez entre 2007 e 2014.
O levantamento da PF mostra que também foram recebidos pela cúpula da empreiteira outros protagonistas da Lava Jato – Rafael Ângulo Lopez, apontado como carregador de malas de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, o lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano – suposto operador de propinas do PMDB na Petrobras -, e o próprio Youssef, este ao menos dez vezes.
A Andrade Gutierrez informou que “está acompanhando a 16ª fase da Operação Lava Jato e destaca que sempre esteve à disposição da Justiça”. Seus advogados estão analisando os termos da ação da Polícia Federal para se pronunciar.
Defesa
“Na verdade eu não tenho conhecimento oficial sobre o tema. Se realmente essas visitas ocorreram, nada de estranho a princípio, uma vez que era atribuição do João Vaccari Neto, enquanto tesoureiro do PT, fazer visitas a pessoas físicas e jurídicas solicitando doações legais para o partido. E, quando essas doações ocorriam, eram depositadas na conta corrente do partido, contra recibo, que prestava contas às autoridades. Portanto, nada de irregular nessas visitas.”