Em meio à crise “política, econômica e ética” – como disse ao Broadcast Político na manhã desta sexta-feira, 31, o tucano Beto Richa – a presidente Dilma Rousseff conquistou uma “vitória simbólica” ao reunir, na quinta-feira, 30, no Palácio do Alvorada todos os 27 governadores, na avaliação do cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas Marco Antônio Carvalho Teixeira. O especialista acredita que o encontro tem “peso do ponto de vista simbólico e político”, mas pondera que não é possível saber a efetividade do encontro antes do retorno do recesso parlamentar.
“O efeito prático dos governadores na preservação do ajuste fiscal vai depender do contexto em que o Congresso vai retomar os trabalhos. Ao que tudo indica, o ambiente será mais tenso”, avalia o cientista político, citando as denúncias sobre o presidente da Câmara e ora opositor Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e as suspeitas sobre suas tentativas de influenciar a CPI da Petrobras.
Ao pedir a ajuda de governadores para desarmar bombas fiscais, o governo usa uma estratégia diferente de relação com o Congresso. Temendo o efeito cascata que as medidas teriam nas contas dos Estados, já endividados, os governadores prometeram colaborar. A tática, segundo Teixeira, pode ser efetiva em alguns casos. “Obviamente que os governadores têm algum peso sobre as bancadas, mas funciona em determinados contextos e em outros, não. No momento, com o ajuste, o governo federal tem pouco a oferecer aos governadores”, pondera.
Eduardo Cunha
O professor destaca que Eduardo Cunha, principal obstáculo ao governo no Congresso Nacional, está sob pressão por conta das acusações de receber propina e de interferir nas investigações da CPI da Petrobras, o que torna o cenário da volta do recesso mais incerto. “Há um grupo de manifestantes pró-impeachment acampados na porta do Cunha pedindo que ele dê prosseguimento aos pedidos. É uma das cartas que ele ainda tem na manga”, avalia Teixeira.