A presidente da CPI dos Crimes Cibernéticos da Câmara, deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO), reconhece a contaminação, mas minimiza que a polarização político-partidária entre governistas e oposição esteja dominando os trabalhos da comissão. “A polarização foi de dois ou três membros. Das cerca de 30 sessões que tivemos, apenas três foram sobre assuntos relacionados a isso”, diz.
Instalada em agosto deste ano para apurar crimes cibernéticos como pedofilia e delitos ligados ao sistema financeiro, a CPI dos Crimes Cibernéticos alterou seu foco para apurar como operam os grupos pró e anti governo na internet.
Opositores ao governo da presidente Dilma Rousseff passaram a focar seu trabalho na comissão em apurar possível financiamento do Planalto a sites piratas e publicidade digital e transferência de recursos para agências ligadas ao PT e ao governo. Parlamentares de esquerda, por sua vez, passaram a pedir que a CPI investigue a atuação de grupos pró-impeachment de Dilma.
Embora seja filiada a um partido de oposição ao governo e aliada ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a presidente da CPI diz que vem tentando evitar que a disputa política interfira nos trabalhos. Ela conta que, durante a votação na CPI, costurou acordo para que os requerimentos de convocação se tornassem convites, quando a pessoa não é obrigada a comparecer.
Na semana passada, Mariana apresentou requerimento pedindo a prorrogação dos trabalhos da CPI por mais 60 dias. A previsão inicial era de que a comissão acabasse em 4 de dezembro. Ela nega que a polarização tenha atrasado os trabalhos. “Pedi porque tem muitos assuntos para debater”, diz, citando pedidos de convocação de delegados e especialistas de crimes cibernéticos.
Componente
O relator da CPI, deputado Esperidião Amin (PP-SC) também minimiza os efeitos da polarização no andamento da comissão. “É impossível imaginar que a componente político-partidária não esteja presente na CPI. Ela é um componente, não é contaminação”, diz. Segundo ele, a polarização está presente em vários espaços da Câmara.
Para Amim, as convocações dos grupos pró e contra governo eram “indispensáveis”. “Se alguém requereu, é porque achava que podia ter algum crime cibernético. Você não pode censurar”, afirmou. O deputado afirmou que pretende levar em consideração os depoimentos em seu relatório, “tanto para aumentar quanto para dar desconto”. “Vai ser um trabalho presumido pela sensatez.”