O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, ressaltou que as Forças Armadas estão dissociadas dos generais da reserva que ocupam cargos no Palácio do Planalto. Numa transmissão ao vivo na noite desta quinta-feira, 9, ele afirmou que não existe uma ala militar no governo. "É difícil, mas vou dizer o conceito. Uma parte da imprensa coloca o rótulo de ala militar. A ala que conheço é ala de escola de samba", ironizou. "Esse rótulo não é que incomode, é que não é, na prática, verdadeiro."
Ao ser questionado sobre desgastes ou contaminação na caserna pela presença de militares no governo de Jair Bolsonaro, o ministro da Defesa elogiou os generais da reserva que comandam pastas civis, mas deixou claro que eles não representam o Exército, a Marinha e a Aeronáutica.
As declarações do ministro, num encontro virtual promovido pelo grupo Personalidades em Foco, ocorrem na esteira de notícias de que os militares estariam interessados em interferir na política e de declarações dúbias do presidente e aliados sobre possíveis rupturas constitucionais. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, chegou a dizer sobre o tema que "não é mais uma opinião de se, mas de quando isso (um golpe) vai ocorrer".
Fernando Azevedo e Silva destacou que as Forças Armadas "são instituições de Estado" e que ele é seu único "representante político". "Não tem outro representante", disse. Em seguida, ele afirmou que está alinhado com os comandantes militares, "responsáveis" pelos quartéis e pelas atividades militares. "Do muro dos quartéis para fora, eu tomo conta da parte política. Do muro dos quartéis para dentro, eu tenho os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Nós combinamos isso, e está indo muito bem."
O ministro disse que não há registros de posições políticas dentro das unidades militares. "A gente não vê declaração política de quem está nos quartéis, na ativa. Não tem", afirmou. "Esse é o segmento real militar, que está no dia a dia", completou. "As forças são instituições de Estado, que trabalham para o Estado."
Ainda na "live", o ministro propôs um aumento de gastos com Forças Armadas de 1,3% do PIB, índice atual, para 2%. Na defesa da proposta, ele disse que o patamar é adotado no âmbito dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Também ressaltou que a pandemia de covid-19 deixou imprevisível a situação orçamentária para 2021 e 2022, mesmo reconhecendo que 2019 foi um ano "muito bom". Ele ainda lamentou uma defasagem operacional das Forças. "Estamos defasados tanto em relação à Marinha, ao Exército e à Força Aérea", afirmou.