As mães dos 11 alunos da Escola Estadual Bairro da Roça Grande, na zona rural de Cunha, no Vale do Paraíba (SP), temem pelo bem-estar e a segurança dos filhos em razão da mudança de escola. Acostumados com a única professora, que exerce as funções de ensinar, limpar o local e preparar a merenda, os estudantes estão apreensivos com o plano de reformulação escolar.
A unidade multisseriada que será desativada está em uma área particular a 6 km do centro urbano. O Estadão acompanhou a apresentação das mudanças na rotina escolar em uma reunião entre a Diretoria de Ensino de Guaratinguetá e as mães dos estudantes.
O ponto mais questionado pelas mães foi a segurança das crianças, já que elas estão acostumadas com a sala pequena, onde todos se conhecem e não há problemas de indisciplina. Ariane tem 7 anos e está no 2.º ano. “Minha filha não quer mudar de escola, ela tem medo de apanhar dos colegas maiores. Um primo dela foi estudar numa dessas escolas grandes e apanhou dos moleques. Ele teve de fazer até tratamento com psicólogo”, conta a dona de casa Lucilene Fiorelli Gomes, de 30 anos, acompanhada da mãe, Nadir Fiorelli, de 54, e do irmão, Daniel Fiorelli, de 9 anos, que estuda com a sobrinha de 7.
Nadir conta que a escola da Roça Grande faz parte da vida dos moradores da comunidade. “Eu estudei aqui, minha filha Lucilene estudou aqui. É uma pena ver isso acabar. Vai ficar longe para eu ir na escola quando precisar”, disse a dona de casa, que caminha 3 km para chegar à escola. Para ir à reunião, Nadir pegou carona na Kombi do transporte escolar.
Para Valquíria Pereira Galhardo, de 34 anos, a comodidade da atual escola ficará no passado. Ela é vizinha do prédio, basta atravessar a porteira para o filho Maurício chegar à sala de aula. “Gostar dessa mudança, eu não gostei, mas a gente não tem outra opção”, diz. “Na primeira semana de aula, pelo menos, vou acompanhá-lo até a porta.”
Segundo Candido José dos Santos, dirigente de ensino da Regional Guaratinguetá, Cunha tem 26 escolas rurais estaduais e 24 escolas rurais municipais. O encerramento das atividades das escolas da Roça Grande e Rio Abaixo é pela proximidade com o centro urbano, distantes 6 e 7 km, respectivamente. “As crianças terão transporte escolar gratuito. Isso tranquilizou as mães, elas passaram a aceitar melhor a situação.” As demais escolas serão mantidas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.