O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a instalação de inquérito para investigar supostas irregularidades cometidas pelo ex-ministro e hoje deputado Alfredo Nascimento (PR-AM) durante sua passagem pelo Ministério dos Transportes.
Nascimento foi ministro da pasta durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula de Silva e deixou o comando do ministério no início do governo Dilma Rousseff sob denúncias de superfaturamento. O pedido foi aceito pelo ministro Edson Fachin.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicitou a abertura de inquérito, há indícios de irregularidades na contratação de empresas “inexistentes” pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT e pela Valec.
O deputado explicou que as empresas têm autonomia para contratar fornecedoras de mão de obra terceirizada, que não houve irregularidade e que tem certeza de que as investigações serão arquivadas.
“Tudo tem que ser investigado e tenho certeza que, ao final das investigações, ficará comprovado que não houve irregularidades e a denúncia será arquivada”, disse.
Segundo ele, ações como esta são comuns para pessoas de cargos públicos. “Já passei por outras investigações e fui inocentado em todas. E agora mais uma vez será comprovado que não cometi qualquer tipo de irregularidade quando fui ministro dos Transportes”, disse Nascimento.
Um dos ministros “faxinados” no primeiro ano de governo de Dilma, Nascimento pediu demissão em 5 de julho de 2011, depois de ter uma investigação aberta em outubro de 2011 pelo Ministério Público para apurar suspeitas do envolvimento de Nascimento no suposto esquema de desvio de dinheiro público nos Transportes.
Em 2013, o então senador comemorou a conclusão das investigações conduzidas pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sobre as denúncias que afastaram o parlamentar do Ministério dos Transportes. Para Gurgel, não havia indícios de envolvimento de Nascimento nem do deputado Valdemar Costa Neto nas irregularidades encontradas nas licitações e contratos na pasta pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Controladoria Geral da União (CGU).
Após sair da pasta, indignado com a falta de apoio da presidente Dilma, Alfredo Nascimento disse que não era “lixo”. “O meu partido não é lixo para ser varrido da administração”, afirmou em agosto de 2011. Quando Gurgel concluiu as investigações sem ver indícios de irregularidade, Nascimento repetiu na tribuna que não era “lixo” e disse ter se sentido “envergonhado” desde as denúncias que o fizeram deixar a pasta.
“Passei ao longo desses dois anos encolhido, envergonhado. Vergonha de olhar nos olhos das pessoas. Cruzava no aeroporto, as pessoas me olhavam e eu baixava a cabeça”, afirmou em seu discurso. “Agora posso olhar nos olhos dos senhores, meus colegas senadores. Posso olhar para trás e ver que, em mais de 30 anos de vida pública, nunca pratiquei um ato do qual tenha que me envergonhar”, completou.