O gerente-executivo de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, disse nesta quinta-feira, 25, que na reunião entre economistas e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, todos convergiram sobre a necessidade de manter a persistência do ajuste fiscal. Segundo ele, os economistas falaram também sobre a importância de se trabalhar uma agenda microeconômica e retomar a confiança.
Sobre a aprovação na noite de ontem no Congresso da emenda que vincula os reajustes dos benefícios pagos pela Previdência Social ao salário mínimo, inclusive aqueles acima do piso, Castelo Branco disse que os economistas, de forma geral, comentaram que algumas medidas adotadas pelo governo têm seu objetivo inicial reduzido, o que representa um retrocesso para a agenda de longo prazo.
O economista disse também que os participantes do encontro relataram suas opiniões a respeito da meta de inflação e da meta fiscal, mas que, sobre esse tema, não houve consenso em relação a eventuais mudanças. Segundo ele, a indústria, particularmente, está muito preocupada com a necessidade de retomada na atividade econômica, mas entende que a recuperação da credibilidade fiscal é importante neste momento.
Na mesma reunião, o economista e sócio da Tendências Consultoria Integrada, Juan Jensen, avaliou que a reversão de uma queda da produtividade é mais complicada do que a ociosidade da indústria, pela qual o Brasil passa neste momento. Ao sair da reunião, ele disse a jornalistas que, na sua fala, enfatizou a separação da questão econômica e cíclica da estrutural. Esse quadro, de acordo com ele, facilita o cenário de alta da inflação e de queda da atividade.
Jensen também teve a percepção de que o encontro promovido por Levy tinha como objetivo mais escutar o setor privado do que apresentar o posicionamento da pasta. Para o economista da Tendências, o País está no caminho certo ao implementar ajustes. “O tempo vai mostrar os efeitos positivos das decisões que estão sendo tomadas pelo governo”, afirmou.
Jensen também disse que nem meta fiscal nem de inflação foram citadas na reunião. Segundo ele, foi demonstrada uma preocupação com desarranjos, como o visto no Congresso em relação à regra do salário mínimo. “Não se pode brincar com fogo.”