O presidente da companhia de cosméticos Avon no Brasil, David Legher, defendeu o uso de ferramentas digitais pela companhia, gigante das vendas diretas que tem no Brasil um importante mercado. Durante evento em São Paulo, ele rechaçou, porém, as críticas ao modelo tradicional: “Muito se fala que a venda direta é coisa do passado, mas a cada dia tem mais empresas querendo entrar nesse mundo”.
Assim como a Natura, a Avon enfrenta atualmente um cenário desafiador no Brasil com o ambiente de consumo deprimido e crescimento no número de competidores do mercado de cosméticos. Na venda direta, Mary Kay e Jequiti e Eudora, do Grupo Boticário, disputam espaço. Além disso, analistas veem as grandes de venda direta perdendo espaço para lojas multimarcas e o comércio eletrônico.
A Avon lançou oficialmente sua iniciativa de comércio eletrônico no início deste ano. É possível comprar diretamente mesmo sem intermediação de um revendedor. O modelo é diferente do da Natura, que criou a figura da “consultora digital”.
Legher defendeu, porém, o poder da Avon de atrair novas revendedoras. Durante o lançamento do posicionamento de marca da companhia, ele disse que a empresa está realçando em sua comunicação conceitos como o da independência financeira das revendedoras. “Há anos essa companhia empodera mulheres via a independência financeira e voltamos às nossas raízes”, disse.
Sobre a disputa pelo tempo das revendedoras – que, com a chegada de novos competidores, passaram a revender mais de uma marca – o executivo disse apenas que a companhia espera cativar sua base. “Queremos que mais mulheres se tornem revendedoras e que fiquem conosco”.
O executivo comentou ainda sobre o atual cenário de consumo brasileiro. “O País atravessa um momento mais complicado que no passado, mas esses ajustes acontecem e o Brasil segue sendo uma região estratégica para nós”, comentou. “Continuamos investindo pensando no longo prazo”, disse.
No primeiro trimestre de 2015, as vendas da Avon no Brasil caíram 17% em dólares ante igual período do ano passado. Descartando o efeito da variação cambial, as vendas teriam ficado estagnadas, disse a companhia em sua divulgação de resultados.
A Avon anunciou ainda o lançamento no Brasil de uma nova linha de batons, chamados de Ultra Color Revolution, que chegam ao mercado custando R$ 29,99, um patamar de preço superior ao de outras linhas.
Questionado sobre a estratégia de lançamentos diante de um momento de menor disponibilidade de renda dos consumidores, Legher disse que a companhia se sente confortável com seu portfólio de produtos e que procura equilibrar lançamentos com maior valor agregado e os de boa relação de custo e benefício.
O executivo considerou que no último ano a empresa teve lançamentos relevantes entre as linhas de maior preço, como fragrâncias e maquiagens “premium”. “Mas não deixamos de lado outras linhas”, comentou.