A despeito de um cenário de maior risco para o aumento da inadimplência, o Banco do Brasil recuperou mais de R$ 900 milhões em dívidas pela internet. O montante corresponde a um volume de 93 mil contratos firmados com pessoas físicas, ainda que pesem níveis mais altos de desemprego, e empresas, cujos resultados têm sido colocados a prova em meio à deterioração do quadro econômico.
Os números são parte de uma das iniciativas do banco, que viu sua inadimplência subir no primeiro trimestre após uma trégua no final de 2014, para aprimorar os processos de liberação de recursos e de recuperação de créditos vencidos. Lançado há pouco mais de oito meses, o portal, o primeiro no Brasil, permite que os clientes renegociem suas dívidas sem precisar ir até uma agência bancária.
A maioria dos acordos até agora vem por parte da pessoa física. Foram 89 mil contratos no valor total de R$ 691 milhões contra 4.319 de empresas num montante de R$ 231 milhões. A expectativa do BB, de acordo com Walter Malieni, vice-presidência de Controles Internos e Gestão de Riscos do banco, é superar o primeiro R$ 1 bilhão em breve. São cerca 150 mil acessos por mês, totalizando mais de 1,4 milhão de visitas desde o lançamento do site.
“O portal faz parte de uma estratégia clara do BB de buscar renegociar dívidas junto a clientes o mais precoce possível, principalmente, em um ambiente mais desafiador. Com um dia de atraso, o cliente já consegue renegociar sua dívida pelo site sem precisar ir até a agência”, conta Malieni, em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
A renegociação de dívidas, atenta ele, é um tema complexo e difícil de discutir sem uma carga emocional. Tanto é que o site tem despertado o interesse dos clientes do banco. Metade das pessoas que visita o portal, segundo o vice-presidente do BB, são pessoas que buscam conhecer melhor a plataforma. Diariamente, ao redor de 600 clientes renegociam suas dívidas no site e, em média, há a regularização de R$ 10 milhões em saldos. O cliente tem a opção de escolher a dívida que deseja quitar, como e em que prazo.
Do total, 70,4% dos clientes pessoas jurídicas e 78,2% dos indivíduos fazem acordo sem abatimento, ou seja, preferem pagar todo o saldo e manter relacionamento com o banco. Isso porque como em alguns casos os porcentuais de redução são significativos, o cliente ficaria impedido de pegar novos empréstimos com o banco. Se optar pelo abatimento, o pedido é avaliado por um algoritmo que pondera, entre outros aspectos, a probabilidade de recuperação do crédito. Quando aprovado, o desconto é concedido na própria ferramenta.
O próximo passo do BB, de acordo com Malieni, é oferecer soluções para clientes adimplentes, mas com risco de default. A ideia é, segundo ele, comparar comportamentos de consumo dos clientes, pesquisas de orçamento familiar e outras informações para identificar futuros inadimplentes.
Além do lançamento do portal, o banco reforçou, recentemente, a rede responsável pela recuperação de ativos e instalou uma gerência com atuação nacional para a cobrança. Tudo para tentar conter o aumento dos calotes. Após melhorar no último trimestre de 2014, o índice de inadimplência do BB, que considera os atrasos acima de 90 dias, voltou a piorar no começo deste ano. O indicador passou de 2,03% em dezembro para 2,05% em março.