Os recursos gastos com recapeamento foram reduzidos em 70% pela gestão do prefeito Fernando Haddad (PT). Segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, essa queda aconteceu na comparação entre o investimento realizado pelas subprefeituras no ano de 2012, último de Gilberto Kassab (PSD), e a verba prevista para 2015. A diferença é de R$ 171,7 milhões, em valores corrigidos.
A metragem de pavimentação também caiu no período, de 2,3 milhões de m² para 847 mil m² – redução de 63%. Os números se revelam nas avenidas e ruas de São Paulo. Em todas as regiões há exemplos de asfalto com buracos ou calombos na pista, o que dificulta o dia a dia dos motoristas.
O taxista Antônio Câmara afirma que precisa reduzir a velocidade para desviar de buracos e desníveis na pista, especialmente em vias da zona norte. “Parece que a Prefeitura hoje só cobre os buracos, e olhe lá. Não faz mais recapeamento. Temos de tomar cuidado para não estragar o carro. Deveriam investir mais nisso, e não só no centro, mas na periferia também”, reclama.
A reportagem rodou pela região e encontrou problemas, por exemplo, na pavimentação das Ruas Miguel Nelson Bechara e Joaquim Afonso de Souza, no Limão. Também há falhas nas pistas paralelas à Avenida Nossa Senhora do Ó, como a Rua Engenheiro José Pastore.
Basta circular pela cidade para encontrar exemplos em outros pontos. Na região central, por exemplo, o asfalto está desgastado em ruas como Fortunato, em Santa Cecília, ou Barra do Tibagi, no Bom Retiro – nesta, a passagem de ônibus provocou ondulações em ambos os lados da via, impedindo até o estacionamento de veículos em determinados trechos.
Avenidas movimentadas, como a Interlagos, na zona sul, e a Celso Garcia, na zona leste, também têm problemas. No primeiro caso, o trecho ruim observado pela reportagem fica na altura da Avenida Nossa Senhora do Sabará. No segundo, na altura do metrô Tatuapé.
O único grande programa de recapeamento ordenado por Haddad se deu por causa da Copa do Mundo. Em 2014, algumas das principais vias da capital, como as Marginais, as Avenidas São João, Paulista e Rebouças e até o Elevado Costa e Silva, o Minhocão, receberam asfalto novo. Ao todo, foram 64 pontos de intervenção e R$ 91,3 milhões investidos.
Já nos dez primeiros meses deste ano, só 28 vias foram recapeadas. Esse total, porém, deve aumentar, segundo previsão orçamentária da Prefeitura, alcançando ao menos 847 mil m² de asfalto produzido – o número foi obtido levando-se em conta o preço médio por metro quadrado, que é de R$ 85.
Na gestão Haddad, dados como a data da obra, a metragem linear e a metragem quadrada deixaram de ser publicados na internet. A Prefeitura não explica a razão.
Emendas
Superintendente das Usinas de Asfalto da Prefeitura, Marcelo Bruni afirma que mais recursos serão empenhados ainda neste ano. Serão cerca de R$ 10 milhões destinados para recapeamento por meio de emendas de vereadores. O prefeito Haddad também promete investir
A redução da metragem de asfalto produzida pela Prefeitura desde 2013, segundo Bruni, é resultado dos esforços feitos por gestões passadas e também da maior qualidade do asfalto. “Os investimentos a partir de 2010 deram resultado. De lá para cá, tanto a técnica de aplicação do material como a qualidade dele melhoraram bastante. Como consequência, a vida útil da pavimentação agora é maior.”
Bruni, no entanto, ressaltou que a Prefeitura não está satisfeita porque “há muito o que melhorar ainda”. Ele cita mudanças na operação “tapa buraco” como um bom começo. “A pedido do Tribunal de Contas do Município (TCM), adotamos novos procedimentos. Hoje, não trocamos um buraco por uma lombada, como antes. Fazemos o nivelamento da via.”
Outro ganho diz respeito às obras de corredores de ônibus. Segundo a Prefeitura, as vias exclusivas geram serviços de recapeamento feitos pela Secretaria de Transportes em grandes avenidas, como a Marquês de São Vicente, na zona oeste. Neste ano, R$ 10,4 milhões foram investidos assim no asfalto. Colaborou Bruno Ribeiro. As informações são do jornal O stado de S. Paulo.