O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, se recusou a comentar se o governo vai reduzir a meta do superávit primário na próxima revisão a ser feita sobre o tema. “Vamos analisar isso”, disse em entrevista concedida após a visita ao Google, reiterando o compromisso do governo com a estabilidade fiscal. O ministro acompanhou a presidente Dilma Rousseff nessa visita.
“O compromisso do governo com a estabilidade fiscal continua o mesmo, apesar de o esforço fiscal, neste momento, estar se revelando mais difícil do que a gente achava no início”. Assegurou, no entanto, que todas as medidas adotadas “estão na direção certa, ainda que não na intensidade que achávamos no início do ano”.
Ao justificar que não falaria sobre mudanças na meta de superávit, Barbosa afirmou que “assim como o Banco Central só se pronuncia sobre suas decisões nos momentos de suas reuniões, só vamos falar sobre esse assunto no momento de assinatura do próximo decreto”.
Segundo o ministro do Planejamento, o importante é que todo esse esforço seja repetido e comprovado com novas ações. Ele citou como exemplo que na semana passada o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, anunciou novas condições de acesso do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), para que o programa se torne mais sustentável, garantindo auxílio aos estudantes que mais precisam de apoio no acesso à educação.
“O governo tem adotado várias medidas na área de receita, despesas e subsídios, sempre na mesma direção: aumentar gradualmente o resultado primário e, com isso, garantir a estabilidade fiscal e a inflação”, completou Barbosa.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou ser “um pouco precipitado” reduzir, agora, a meta fiscal deste ano. Para ele, o País está atravessando um período de “ressaca”. “A boa notícia é que a ressaca passa”, disse Levy, que citou medidas que o governo está prestes a tomar e que vão aumentar a arrecadação, como a abertura de capital de estatais, e dinamizar a economia, como a unificação e simplificação dos tributos PIS e Cofins.
Considerada praticamente impossível de ser cumprida pelo mercado financeiro e mesmo por técnicos da equipe econômica, a meta de poupar R$ 66,3 bilhões para o pagamento de juros da dívida pública continua, portanto, a valer. Até abril, o setor público consolidado conseguiu poupar apenas R$ 13,5 bilhões, apesar de realizar no período um duro corte de gastos, em especial dos investimentos.