Ainda que as reclamações tenham diminuído em relação ao ano passado, a piada de que a Black Friday segue o slogan “tudo pela metade do dobro” ainda foi feita por muita gente. Órgãos de defesa do consumidor registraram queixas de maquiagem de preços, além da venda de produtos indisponíveis no estoque.
A servidora pública Graziella Zaidem, por exemplo, vinha pesquisando o preço do celular Z3 Compact, da Sony, no site Americanas.com durante o último mês. “O preço médio sempre ficou em torno de R$ 1.059. Na sexta, o site anunciava que o preço tinha caído de quase R$ 2 mil para os mesmos R$ 1.059”, relata. Segundo a Americanas.com, o smartphone em questão “é um produto vendido por meio do Marketplace, não faz parte da Black Friday da Americanas.com e o preço é estabelecido pelo parceiro”.
O desenhista projetista Paulo de Queiroz Markoski queria um teclado gamer mecânico há algum tempo, mas esperou a Black Friday para ver se conseguiria um preço mais interessante. Ao navegar pelo KaBuM!, especializado em eletrônicos, encontrou o que precisava por R$ 279,90. Ao clicar, porém, veio a decepção: o preço havia mudado para R$ 470,47. “Pensei que o desconto seria aplicado no final da compra, mas ainda aparecia o preço mais caro”, explica. Em conversa com o atendimento via chat, ele foi informado de que a oferta não estava ativa para o teclado, o que foi desmentido com uma captura de tela da promoção.
Para que estava monitorando o produto há tempos, foi fácil identificar que algo estava errado. Desde setembro, o programador Emerson Marques Pedro, de 29 anos, vinha acompanhando o preço de um aspirador de pó. “Há dois meses, estava por R$ 80 no Magazine Luiza”, conta. Desempregado desde janeiro, o mestrando decidiu postergar a compra, na esperança de que o preço baixasse na Black Friday. Ontem, porém, encontrou o produto em “promoção” de R$ 299 por R$ 89. “No comparador de preços Buscapé, que dá o histórico dos últimos 30 dias, vi que o aspirador estava R$ 80 no dia 28 de outubro. Depois, o preço subiu e ficava entre R$104 e $109”, explica. “Esperava que ele voltasse para R$ 80, mas foi daí para R$ 89.”
Como precisava do produto, Pedro resolveu comprar mesmo assim, porém fez uma queixa no Reclame Aqui e também criticou em seu Facebook: “Destaque para o marketing, que chamo, carinhosamente, de estelionato”, escreveu. Procurado, o Magazine Luiza alegou que o produto não participava da Black Friday. “O Magazine Luiza informa que possui mais de 4.000 itens em promoção (…). Para estes itens, a empresa garante o melhor preço dos últimos 60 dias.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.