O presidente em exercício, Michel Temer, afirmou nesta quinta-feira, 2, em entrevista ao Jornal do SBT que ao chegar no governo encontrou uma radiografia “muito negativa”, mas ressaltou que “graças a Deus” conseguiu encontrar no Congresso uma base muito sólida para ajudar o governo a aprovar matérias importantes.
Sem falar em herança maldita, Temer disse que era preciso destacar alguns números para que seu governo não seja acusado de responsabilidade. “Encontrei uma radiografia muito negativa, 11 milhões de desempregados, déficit de R$ 170 bilhões e graças a Deus conseguimos aprovar a meta fiscal para não cometermos irregularidades”, afirmou. “Não quero falar do passado, estou falando mais para o futuro.”
Em um novo afago ao Congresso, Temer falou em “harmonia” e destacou que conseguiu encontrar uma base muito sólida e que a aprovação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) foi um feito extraordinário. “Hoje o executivo e legislativo estão trabalhando juntos”, afirmou.
Ao ser questionado sobre o projeto de teto para gastos públicos, Temer disse que a reformulação orçamentária levará em conta inflação e que porcentuais para saúde e educação serão mantidos.
O presidente em exercício disse ainda que concorda com a ideia do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de reformular a Previdência, pois é necessário para garantir o benefício aos trabalhadores brasileiros. “Reformular a previdência é fundamental”, afirmou, destacando o grupo de trabalho formulado com as centrais sindicais para discutir a questão.
Temer disse ainda que a idade mínima “sem dúvida” estará na reforma da previdência e que o governo vai estudar regras de transição para não retirar direitos. Ele disse também que a questão da idade mínima pode ser colocada aos servidores públicos, pois é preciso buscar “uma certa isonomia”. “Penso que servidores não se abalariam com essa reversão”, disse.
Temer afirmou que o aumento de impostos não está descartado, mas que espera evitá-los. “Se eles vierem serão temporários”, afirmou. Em relação ao reajuste dos servidores aprovado ontem pela Câmara, Temer disse que era um acordo do governo passado e que os servidores “ansiavam pela aprovação dessas matérias”. Ele reconheceu que além do cálculo econômico há um aspecto político na aprovação, já que ela “pacifica a relação com servidores”. “São medidas pontuais que têm uma boa repercussão”.