A EDP Energias do Brasil, uma das maiores geradoras de energia do País, está na expectativa pelo fortalecimento do mercado local de gás. Embora ainda não tenha anunciado novos investimentos no setor, a empresa tem dado indicações de que não deve ficar alheia a mais esta mudança no setor elétrico brasileiro, repetindo o que ocorreu em 2007. O primeiro passo já foi dado, com a aquisição da participação restante de 50% na térmica de Pecém I, no Ceará. A operação, avaliada em R$ 300 milhões, não estava prevista inicialmente no orçamento da EDP.
A incorporação do ativo é considerada, neste momento, a grande prioridade da companhia juntamente à conclusão de usinas hidrelétricas já em construção. “Nossa agenda para os próximos três ou quatro anos é de execução das usinas e a incorporação da térmica. Esse é o nosso quadro de investimentos até 2017 ou 2018”, afirma o presidente da EDP Energias do Brasil, Miguel Setas em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, na semana em que a companhia completa dez anos da abertura de capital no Brasil.
O executivo prevê que o sistema elétrico nacional precisará ser reforçado com o acionamento de térmicas competitivas na base. Oito anos atrás, quando identificou que o sistema hídrico nacional se transformaria em um sistema hidrotérmico, a EDP ingressou no projeto da térmica de Pecém, com a então parceira MPX.
“Antes havia uma ótica plurianual para os reservatórios, mas o aumento do consumo e a decisão pelas hidrelétricas a fio dágua criaram a necessidade de o sistema ser complementado com térmicas. O gás terá um papel muito relevante na matriz brasileira”, disse. A oferta de gás, destaca, pode vir da exploração do gás convencional, do shale gas e também da importação de gás natural liquefeito (GNL).
A própria EDP chegou a estudar, no início da década, a importação de GNL para viabilizar a construção de uma térmica em Resende (RJ), com 500 MW, mas o projeto não se mostrou viável. “O Brasil será uma potência mundial de gás natural e tem condições para ser exportador de gás um dia”, projeta.
A companhia também não descarta operações caso encontre “oportunidades de rentabilidade adequada”, assim como foi a compra de metade de Pecém I detida pela Eneva (ex-MPX). A térmica, que enfrentou um problema no ano passado já está com as atividades normalizadas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.