As usinas siderúrgicas que produzem no Brasil estão pressionadas e já promovem descontos em vendas de aço entre 5% e 7%, ainda em um movimento considerado pontual, em determinadas negociações, disse nesta terça-feira, 21, o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro. O executivo destacou que essa prática ainda não é geral, apenas em alguns lotes de vendas, mas que evidencia a situação vivida hoje pelo setor.
Na esteira da fraca demanda pelo aço no Brasil, por conta do recuo da atividade da economia local, a rede de distribuição enfrenta ainda um cenário de baixas margens, que hoje estão, na média, entre 1,5% e 2%, considerando a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). O presidente do Inda disse que em “tempos normais” essa margem varia entre 7% e 8%.
A situação já se reflete do quadro de funcionários do setor, em níveis mais baixos em anos. Até o fim de maio a revenda de aço no Brasil empregava 107.145 pessoas, sendo que no ano passado eram 120.378 funcionários e 128.472 trabalhadores empregados em 2013.
De tão baixos os níveis de vendas em junho, o presidente da entidade disse que as vendas de aço plano parecem ter chegado ao piso, sendo difícil ficar abaixo desse patamar. Mês passado as vendas ficaram em 236,6 mil toneladas, queda de 21,1% em 12 meses. Por identificar que esse seja o pior nível, o Inda prevê estabilidade em julho, destacou o executivo. Uma melhora para o setor, disse, é esperada para ocorrer apenas no segundo semestre de 2016.
China
O preço do aço plano na China, considerando a bobina a quente, ainda poderá registrar alguma queda, disse Loureiro. Segundo o executivo, o preço hoje da tonelada do insumo está sendo negociado, de acordo com o preço FOB Shangai, em US$ 320, podendo cair, segundo o executivo, para US$ 310.
Com o excesso de capacidade da indústria siderúrgica, muito disso na China, o país tem subsidiado a produção, e grande parte do volume tem sido exportado a preços considerados desleais, apontados para abaixo do custo. No Brasil, a China representa grande parte do aço plano que ingressa no País.
Loureiro afirmou que uma desvalorização maior do real em relação ao dólar poderia trazer um alento ao setor. Na visão do executivo, a taxa de câmbio ideal seria de R$ 3,50, para permitir um crescimento das exportações e, ainda, serviria para inibir as importações.