O Brasil é, e continuará a ser, um grande exportador de alimentos para o mundo e não será por outra razão a não ser que o País tem muita água, disse nesta terça-feira, 28, o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto. Ele participa do Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (Siavs), em São Paulo.
Delfim reconhece que o Brasil ganhou espaço como fornecedor de alimentos para o mundo por ter alcançado produtividade no setor do agronegócio. Salientou, porém, que a abundância de recursos naturais contribui muito para essa condição de grande exportador agrícola.
“A China, por exemplo, tem terra o suficiente para produzir toda a soja de que precisa, mas não tem água”, disse o ex-ministro. De acordo com ele, na verdade, o Brasil é um grande exportador de água. “Para se produzir 1 quilo de carne bovina se consome 15 mil litros de água”, disse Delfim.
Ajuste fiscal
O ex-ministro também falou durante o evento sobre o que ele entende ser necessário para o Brasil voltar a crescer. O ajuste fiscal, de acordo com ele, é condição primordial. “Precisamos cortar gastos. Não é possível termos despesas discricionárias de 8%, 9% do PIB”, criticou o ex-ministro.
Contudo, de acordo com Delfim, o Congresso Nacional precisa retomar o papel de protagonista no sentido de aprovar as medidas. “O Congresso retomou o protagonismo, mas de forma errada”, disse.
Para Delfim, acabou o crescimento dado como presente pelo bom momento da economia mundial. Ele lembrou que, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o governo, uma tonelada de exportação de commodity comprava 400 quilos de importações de manufaturados, o que já não ocorre mais.