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Atriz Nydia Lícia falece aos 83 anos em SP

A atriz Nydia Lícia morreu às 4h30 deste sábado, 12, aos 89 anos, no Hospital São Luis, em São Paulo, de câncer no pâncreas. A doença foi diagnosticada em agosto e ela estava internada desde 20 de novembro. O velório está previsto para este domingo, 13, no Teatro Sérgio Cardoso. Ainda não há informação sobre o sepultamento.

Nascida em 30 de abril de 1926 em Trieste, na Itália, Nydia Licia Quincas Pincherle Cardoso era filha de um médico e de uma crítica musical, ambos de origem judaica. Em 1939, com o avanço do fascismo na Europa mudou-se com a família para a cidade de São Paulo.

Durante a Segunda Guerra terminou o ginásio e emendou o clássico, sempre cantando nos shows e festivais da escola. Na dúvida entre estudar medicina ou química, optou por trabalhar no Consulado Italiano como secretária do cônsul. Mais tarde, frequentou o curso de história da arte ministrado por Pietro Maria Bardi e é selecionada como sua assistente para trabalhar no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP).

Ao mesmo tempo, começa a ensaiar com Alfredo Mesquita a montagem amadora de “À Margem da Vida”, de Tennessee Williams, realizada pelo Grupo de Teatro Experimental (GTE) em 1947. Sua estreia no teatro foi ao lado de Marina Freire e Abílio Pereira de Almeida.
No mesmo ano, atuou no Grupo Universitário de Teatro (GUT), na USP, em “O Baile dos Ladrões”, de Jean Anouilh, com direção de Décio de Almeida Prado. Em 1948, o grupo passou a integrar o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC).

Dirigido por Adolfo Celi, Nydia substituiu Cacilda Becker, então grávida de quatro meses, em “Nick Bar”, de William Saroyan, em 1949.

Um ano depois, apareceu em “Entre Quatro Paredes”, de Jean-Paul Sartre, ao lado de Cacilda, Carlos Vergueiro e de seu futuro marido Sérgio Cardoso. A seguir, entra em “Os Filhos de Eduardo”; “A Ronda dos Malandros”, de John Gay; “A Importância de Ser Prudente”, de Oscar Wilde; e “O Anjo de Pedra”, de Tennessee Williams.

Ainda em 1950 e atuando em espetáculos nos sete dias da semana, a atriz faz uma pausa para se casar com Sérgio Cardoso. No dia seguinte, os dois já estavam de volta ao TBC.

Ainda grávida, Nydia fez duas versões de “Antígona” e só parou 15 dias antes do nascimento de Sylvia, filha do casal. A atriz permaneceu no TBC até 1952 quando se transferiu para o Rio de Janeiro com o marido e a filha para integrar a Companhia Dramática Nacional. A família se hospeda na casa de Procópio Ferreira.

Nesse período Nydia ensaia três peças ao mesmo tempo; foi dirigida por Bibi Ferreira em “A Raposa e as Uvas”; “A Falecida”, por Sergio e no premiado espetáculo “A Canção do Pão”, de Raimundo Magalhães Jr.

Em 1953 vai fazer televisão na TV Record, e participa do elenco de “O Personagem no Ar” e “Romance”. No ano seguinte, cria a própria companhia com o marido e para isso funda a Empresa Bela Vista, partindo para a reforma do antigo Cine-Teatro Espéria, no Bixiga. Nesse intervalo montam Lampião, de Rachel de Queiroz, no Teatro Leopoldo Fróes.

Em 15 de maio de 1956, a montagem de “Hamlet” inaugura o novo Teatro Bela Vista. Em cartaz também ficam também “Henrique IV”; “O Comício e Chá e Simpatia”, com o qual ganhou os prêmios Governador do Estado, O Saci e a Medalha de Ouro da Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCT).

Em 1958, atua em “Vestido de Noiva”, com direção de Sérgio e com concepção distinta da famosa direção de Ziembinski. Em 1960 se separa mas continua a produzir teatro como produtora independente, tentando manter o teatro aberto.

Mais tarde, sofre com uma ação movida pela Empresa Bela Vista para tentar tirar-lhe o teatro. Com o apoio unânime da classe teatral, luta durante anos, até que consegue ficar com o teatro. Depois de um ano a polícia fecha o teatro.

Em 1962 começa se dedicar ao teatro infantil e monta “A Bruxinha que Era Boa”, de Maria Clara Machado. Cria para a TV Cultura o Teatro do Canal 2 e apresenta o programa educativo “Quem é Quem”, produzindo em seguida, por quatro anos, Presença, até ser convidada para o cargo de assessora cultural da emissora.

Em 1971, é obrigada a devolver o Teatro Bela Vista para seus proprietários. O Governo do Estado de São Paulo decide desapropriar o imóvel e reformá-lo, transformando-o no Teatro Sérgio Cardoso.

Nydia atua nas TVs Tupi, Paulista e Bandeirantes, participando de produções como Sublime Obsessão (1958), Eu Amo esse Homem (1964), Éramos Seis (1977) na qual vive uma tia rica que ajuda a pobre família formada por escrita por Nicette Bruno, Carlos Alberto Riccelli e Carlos Augusto Strazzer; João Brasileiro, O Bom Baiano (1978) e Ninho da Serpente (1982). Em Eu Amo esse Homem (1965) na TV Paulista, novela de Ênia Petri, Nydia interpreta psicanalista que se envolve com seu paciente, vivido por Emiliano Queiroz.
No cinema atua em Quando a Noite Acaba, de Fernando de Barros (1950); Ângela, de Tom Payne (1951) e em O Príncipe, de Ugo Giorgetti (2002).

A partir de 1992 desenvolve, paralelamente, carreira pedagógica como professora no Departamento de Rádio e Televisão da Escola de Comunicação da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, e no Teatro Escola Célia Helena, onde dá aulas de interpretação.
Desde 2002 dedicou-se a contar sua trajetória e assina os livros “Ninguém se Livra de Seus Fantasmas”; “Sérgio Cardoso: Imagens de Sua Arte”; “Rubens de Falco: Um Internacional Ator Brasileiro”; e “Leonardo Villar: Garra e Paixão”.

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