O índice de inadimplência do Bradesco, que considera os atrasos acima de 90 dias, subiu pelo segundo trimestre consecutivo e atingiu 3,7% ao final de junho, 0,1 ponto porcentual acima do visto em março. No comparativo anual, os calotes subiram 0,2 ponto porcentual.
Em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras divulgado nesta quinta-feira, 30, o Bradesco explica que o leve aumento no comparativo anual e trimestral dos calotes ocorreu, principalmente, em função da desaceleração da atividade econômica, que impactou o crescimento da carteira de crédito, com destaque para retração dos empréstimos para micro, pequenas e médias empresas. A inadimplência deste segmento subiu 0,2 ponto porcentual de março para junho, passando de 4,7% para 4,9%. Em um ano, aumentou 0,5 ponto porcentual.
Na pessoa física também houve piora da inadimplência. Os calotes foram a 5,0% em junho ante 4,8% em março. Nas grandes empresas, o indicador passou de 0,8% para 1,0%.
A inadimplência de curto prazo do Bradesco, que compreende atrasos de 15 a 90 dias, subiu de 4,1% em março para 4,2% em junho. Em um ano, aumentou 0,3 ponto porcentual. “A inadimplência de curto prazo apresentou leve aumento, tanto para a pessoa física quanto para a jurídica. No comparativo anual, o índice foi influenciado, principalmente, pela pessoa jurídica, uma vez que para a pessoa física manteve-se estável”, explica o Bradesco, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras.
Provisões
As despesas com provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, do Bradesco totalizaram R$ 3,550 bilhões no segundo trimestre, queda de 0,8% ante o trimestre anterior, de R$ 3,580 bilhões. Em um ano, quando estava em R$ 3,141 bilhões, porém, subiu 13,0%.
A retração no comparativo trimestral, segundo o banco, ocorreu, em boa parte, por conta do efeito do alinhamento do nível de provisionamento de determinadas operações com clientes corporativos, realizado no primeiro trimestre de 2015.
O saldo de PDDs do banco foi a R$ 23,801 bilhões ao final de junho, aumento de 0,8% ante março, que ficou em R$ 23,618 bilhões. No comparativo anual, quando estava em R$ 21,791 bilhões, o crescimento foi de 9,2%.
Índice de Basileia
O índice de Basileia do Bradesco fechou junho em 16,0%, indicador 0,8 ponto porcentual maior que o visto em março, de 15,2%. Em um ano, subiu 0,2 ponto porcentual. O indicador segue acima do mínimo exigido pelo Banco Central, de 11%. O Basileia mede quanto um banco pode emprestar sem comprometer o seu capital.
O Bradesco explica, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, que o crescimento da Basileia ocorreu, principalmente, pelo aumento do patrimônio líquido, devido ao incremento do resultado no trimestre e pela redução na ponderação de ativos de risco de mercado e de crédito.
Do total, 12,8% corresponderam ao capital principal ou de Nível I, de melhor qualidade. O Bradesco fez, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, simulação sobre o impacto das novas regras de Basileia III. O indicador do banco seria de 12,6%, que, acrescido de captação, via dívida subordinada, poderá totalizar um índice Nível I aproximado de 14,1%, no final de 2018.
O Bradesco informa ainda que decidiu manter um capital gerencial mínimo, com o buffer (colchão) de aproximadamente 27%, considerando o capital mínimo regulatório de 11%. “Considerando-se o mínimo para o Capital Principal exigido de 11% sobre as regras integrais de Basileia III, a rentabilidade do período de 12 meses findo em 30 de junho de 2015 seria de 26,3%”, acrescenta o banco.
Em junho, o patrimônio de referência do consolidado prudencial do Bradesco alcançou o montante de R$ 97,016 bilhões, frente aos ativos ponderados pelo risco de R$ 607,226 bilhões. Os recursos administrados e captados alcançaram R$ 1,44 trilhão de abril a junho, aumento de 0,9% ante o trimestre anterior, de R$ 1,431 trilhão. Em um ano, quando estava em R$ 1,305 trilhão, o crescimento foi de 10,7%.
Projeções
O Bradesco revisou para cima sua projeção para a margem financeira de juros neste ano. A expectativa do banco é de que esta linha cresça de 10% a 14% e não mais de 6% a 10%.
“Este guidance contém declarações prospectivas, as quais estão sujeitas a riscos e incertezas, pois foram baseadas em expectativas e premissas da administração e em informações disponíveis no mercado até a presente data”, explicou o Bradesco no relatório.
As demais metas de desempenho esperadas para 2015, porém, foram mantidas. A carteira de crédito expandida, que inclui avais e fianças, deve avançar de 5% a 9% neste ano. Ao final de junho, o crédito cresceu 6,5%, dentro do intervalo projetado.
O banco espera que o maior crescimento do crédito venha de pessoas físicas, cujos empréstimos neste ano devem avançar de 8% a 12%. No término de junho, o desempenho ficou abaixo, uma vez que o aumento foi de 6,2%.
Na pessoa jurídica, a expectativa do banco é de que o crédito cresça no mínimo 4% e no máximo 8% em 2015. O desempenho do primeiro trimestre veio em linha, já que avançou 6,6%.
As receitas com prestação de serviços do banco devem avançar no mínimo 8% e no máximo 12% em 2015.
Para as despesas operacionais, administrativas e de pessoal, a instituição projeta elevação de 5% a 7% em 2015. O Bradesco espera que os prêmios de seguros em 2015 tenham expansão de 12% a 15% neste ano.