A marcha contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a favor da saída de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara dos Deputados reuniu mais de 5 mil pessoas em Brasília, segundo estimativa da Polícia Militar; 10 mil, conforme a organização do evento. No domingo, o protesto pró-impeachment reuniu 3 mil, de acordo com a PM.
Os manifestantes saíram às 19h30 min do estacionamento do estádio Mané Garrincha, onde a presidente abriu a 3ª Conferência Nacional de Juventude, e percorreriam o Eixo Monumental até o Supremo Tribunal Federal (STF), mas acabaram parando no Congresso Nacional. O protesto ocorreu de forma pacífica, sem incidentes ou repressão – apenas alguns xingamentos no caminho, que durou duas horas e meia. A dispersão ocorreu por volta das 22h.
“Não vai ter golpe” foi o principal hino da caminhada – embora não tenha faltado o clássico “O povo unido jamais será vencido”. No caminhão de som, porém, outras pautas foram levantadas, como as reformas agrária, política e econômica.
“Lutar contra o impeachment é lutar pela democracia, que é a coisa mais cara à nossa história. A esquerda não vai ser derrotada por picaretas”, afirmou Jefferson Lima, secretário nacional da juventude do PT. Antes de a marcha começar, o anúncio de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, havia pedido o afastamento de Cunha da Câmara foi como um “esquenta” para o público, motivando aplausos e gritaria.
A presidente não foi completamente poupada, apesar de o protesto defender sua permanência no cargo. “Quero a Dilma que elegi”, empunhava um manifestante. “Estar aqui pedindo a permanência dela não significa que não tenho críticas”, disse uma mulher, que preferiu não ser identificada.
Coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos já havia frisado que o ato não seria a favor do governo.
“Temos feito uma demarcação muito clara de que o fato de sermos contra o impeachment não quer dizer que é um ato de defesa deste governo, muito menos da política que este governo tem implementado, o que no nosso ponto de vista é indefensável. Não dá para dar um cheque em branco para Dilma depois deste ajuste fiscal”, disse.
Membros do PCdoB, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Sem Terra (MST), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo também participaram do ato, além de estudantes e representantes dos movimentos negro, feminista, indígena e LGBT.