O defensor do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Rio, Fábio Amado, declarou que espera o depoimento de uma sexta vítima dos quatro policiais militares que mataram cinco jovens no último sábado em Costa Barros, zona norte do Rio. Segundo Amado, o relato da vítima, que teria levado um tiro de raspão quando passava no local, será muito importante para as investigações. A vítima estaria com medo de relatar o que aconteceu no momento do crime.
“Tem uma sexta pessoa alvejada, que levou um tiro de raspão, mas não quer prestar esclarecimentos sobre o que aconteceu, com medo de represálias. Pedimos a outras testemunhas que vieram na Defensoria e a conhecem para que a convençam, pois também é testemunha”, disse o defensor.
Amado informou que tentará acordos extrajudiciais entre o governo do Estado do Rio e as famílias de Wilton Júnior, 20 anos, e Wesley Rodrigues, de 25, cujos parentes estiveram ontem na Defensoria. O valor que será pedido é sigiloso, segundo o defensor. Se não houver o acordo extrajudicial, a Defensoria entrará com processos por danos morais e patrimoniais.
“Já conversamos com o governo e acho que o acordo será firmado. Pedimos um valor que é compatível a entendimentos do Tribunal de Justiça do Rio e dos tribunais superiores. Na esfera criminal, vamos acompanhar as investigações da polícia e aguardar que o Ministério Público denuncie os policiais”, disse o defensor.
O defensor-geral do Estado, André Castro, disse que o massacre foi uma barbárie. “Não há dúvidas de que esse episódio de barbárie choca e comove qualquer profissional, independentemente de sua experiência. Vamos exigir que medidas sejam adotadas a médio e longo prazos para reduzir ao máximo estes episódios de violência institucional”, afirmou.
A Justiça do Rio converteu a prisão em preventiva dos quatro policiais militares acusados de matar os cinco jovens. A decisão foi tomada pelo juiz Sandro Pitthan Espíndola. Os soldados Thiago Resende Viana Barbosa e Antônio Carlos Gonçalves Filho, o sargento Márcio Darcy Alves dos Santos e o cabo Fabio Pizza Oliveira da Silva são lotados no 41º Batalhão da Polícia Militar (Irajá, zona norte). Foram presos pelas supostas práticas de homicídio qualificado e fraude processual. Estão no Batalhão Especial Prisional (BEP) da Polícia Militar (PM), em Niterói, cidade na região metropolitana. Wilton, Wesley, Cleiton Corrêa de Souza, de 18 anos, Carlos Eduardo da Silva de Souza, de 16 anos, e Roberto de Souza Penha, de 16 anos, foram mortos no carro em que estavam, nas proximidades do Complexo da Pedreira. Segundo a Polícia Civil, as vítimas tinham voltado de um passeio no Parque de Madureira – área de lazer na zona norte – e resolveram sair novamente para fazer um lanche, quando foram surpreendidas pelos tiros disparados pelos PMs na Estrada João Paulo.